Fale com a gente

Arno Kunzler

Tensão desnecessária

Publicado

em

Estamos vivendo um clima de tensão política e social.

Será que há necessidade de termos o povo nas ruas, em plena pandemia, nessas manifestações?

Qual é o motivo, afinal, de termos todos os fins de semana movimentos de apoio ao presidente ocupando as ruas de Brasília?

Aparentemente não havia motivo algum, exceto se foi para mostrar força política e com isso intimidar quem quisesse, de alguma forma, atacar o presidente da República.

Em nenhum momento parece ter havido a intenção de tirar o presidente, até agora pelo menos, seja por parte do Congresso, seja por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda que muitos governadores estivessem contrariando a política do presidente, especialmente em relação ao enfrentamento do coronavírus.

Ainda que seja cada vez maior o número de pessoas que têm se desgostado de algumas atitudes do presidente, especialmente as demissões de ministros da Saúde em série e, também, da demissão do ministro Sérgio Moro.

Fora isso, o destempero verbal do próprio presidente é que mais causou perplexidade nas pessoas, notadamente aquelas que não são seus fãs, já que esses, em sua grande maioria, aprovaram seus ataques e incursões contra as instituições e seus líderes.

Assim chegamos ao mês de maio, um ano e cinco de meses do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Um governo com muitos projetos bons, especialmente na área econômica, mas com grandes dificuldades políticas.

Eis que nos Estados Unidos surge um movimento antirracista que explode no mundo inteiro, após a morte estúpida do negro George Floyd.

Se era o que faltava para a oposição se reorganizar no Brasil e colocar sua tropa nas ruas, o momento havia chegado.

Assim, passamos a conviver com manifestações de apoio ao presidente em Brasília e protestos contra o presidente em inúmeras Capitais do país, inflados pelo sentimento antirracista e opressor da autoridade policial.

A partir de agora, é pouco provável que as manifestações em favor do presidente, organizadas em Brasília por seus seguidores, não tenham resposta.

Nós, brasileiros que queremos trabalhar e produzir, não precisávamos disso, não queríamos isso e, agora, o que estava tranquilo se tornou um barril de pólvora, cuja explosão, se ocorrer, terá consequências imprevisíveis.

A pergunta é: será que o presidente vai continuar incentivando essas manifestações em Brasília?

O que vai acontecer se os bolsonaristas não cessarem com essas manifestações?

Parece muito claro: vamos continuar com a temperatura política elevada, com debates acalorados fora de época eleitoral, e possivelmente violência e confrontos nas ruas das principais cidades do Brasil.

Parece que isso só tem uma solução: calando a boca.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

 

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente