Ter e usar o poder

Estamos às portas de um evento vital, por meio do qual o povo vai ungir com o poder os seus administradores, responsáveis pelas leis e administração dos bens de todos. Não é um ato corriqueiro e sem importância. A entrega do poder é um gesto de significado amplo e abrangente.

A Constituição Brasileira define claramente que o poder emana do povo e em nome dele é exercido. Contudo, o poder não está só nas mãos dos eleitos. Todas as pessoas, em maior ou menor escala, possuem poder.

O pai e mãe de família possuem poder sobre os filhos. Quem é patrão tem poder sobre os seus empregados. Quem ocupa uma função numa entidade ou numa associação tem poder sobre os seus associados. Existe o poder daquele que tem o dom da palavra e pode influenciar muitas pessoas, ou os profissionais da comunicação, seja ela escrita, sonora ou por imagem, possuem um enorme poder de influência sobre os demais, o que a sociedade chama de “formadores de opinião”. Existem ainda aqueles que pelo seu comportamento ou pelas atitudes exercem poderosa influência sobre outras pessoas. Determinadas profissões, seja no esporte ou no meio artístico, também possuem enorme poder de influência, e tudo isso é na essência do poder que está nas mãos das pessoas.

Concluindo, todos, sem exceção, em maior ou menor escala, possuem poder. Quem está dirigindo um carro tem muito poder, afinal, pode até matar alguém se usar este poder com irresponsabilidade.

Isso tudo para entender que o poder não está só nas mãos dos vereadores e prefeitos que elegeremos no domingo (15). É claro que a responsabilidade daqueles que se elegerem, é muito grande, afinal, além de todo o poder que já possuem, ser-lhe-á acrescentado mais este. É uma grande responsabilidade, e ela será ainda maior se lembrarmos daquela frase dita por Jesus Cristo quando estava na frente de Pilatos que interpelou Jesus dizendo: “Não sabes que tenho poder para te soltar ou para te condenar à morte”? E Jesus lhe respondeu: “Nenhum poder tu terias sobre mim se ele não tivesse sido dado do alto”.

Que tal pensar na possibilidade de que isso seja realmente verdade. Que o poder que cada um possui, em qualquer dimensão, tenha sido obra do alto, ou seja, de Deus. Deus permitiu a cada um o poder que possui e dele vamos prestar contas. E nesta história de prestar contas é relevante lembrar aqui de uma denúncia veiculada nos últimos dias que mais de 10,7 mil candidatos nas eleições municipais deste domingo, com patrimônio declarado de mais de R$ 300 mil, receberam o auxílio emergencial pago pelo governo, e claro o receberam indevidamente. É uma péssima atitude para quem deseja assumir um cargo que vai administrar o dinheiro da população.

Saindo agora da esfera pública e passando para a pessoal, é bom refletir sobre o que você tem feito com o poder que possui, em todos os ambientes onde você vive. Você estaria bem se amanhã Deus tratasse você exatamente como você tratou os outros hoje? Ou como você tratou no último mês aqueles que estão sob o seu comando ou sua influência? Sim, porque para cobrarmos decência, honestidade e respeito por parte daqueles que vamos eleger é importante que nós cumpramos o nosso dever na vida pessoal e profissional. Se queres um conselho, então, nunca faças aos outros aquilo que não queres que te façam.

 

 

 

 

O autor é professor em Nova Santa Rosa

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