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Dom João Carlos Seneme

Todos se alimentaram com abundância e sobraram 12 cestos cheios

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O pão é o motivo que domina as leituras deste domingo (25). Com o mistério que contém, porque o pão representa a necessidade do homem e a sua sede de poder, a sua necessidade primeira e a sua tentação. Por pão, o homem sofre e gasta suas energias, luta com a terra e com seus semelhantes, vende sua reputação e sua liberdade. Existe o pão da discórdia e da desonra, porque a luta pelo pão – e pelo que ele representa – divide os homens em amigos e inimigos, exploradores e explorados, mas também há o pão partilhado: o pão da fraternidade e da amizade, da confiança e da realização. O pão negado é a ausência de vida e profunda frustração, a privação de amor e louvor; o pão partilhado é a vitória sobre o desespero e uma canção para a vida.

Um dia, vendo a multidão reunida ao seu redor, antes mesmo que alguém lhe indicasse, Jesus entende que deve pensar antes de tudo em alimentá-los. Ele coloca o problema aos seus apóstolos. Esses ficam assustados. Duzentos denários de pão, assinala um deles, não seriam suficientes para dar um pedacinho a cada um, supondo-se que haja pão para comprar e que haja dinheiro para comprá-lo. Acontece que há um menino que traz consigo cinco pães de cevada e dois peixes (provavelmente graças a uma mãe previdente); Jesus acolhe as ofertas, abençoa e convida a multidão a se sentar para que seja um momento de descanso e alegria para todos. Em seguida, Jesus distribui os pães e os peixes e todos comem à vontade e ainda há sobra suficiente para todos.

O dinheiro não resolverá nunca o problema da fome no mundo. É preciso algo mais que dinheiro. A solução de Jesus é abrir outra possibilidade: Ele vai ajudá-los a vislumbrar um caminho diferente. Antes de mais nada, é necessário que ninguém monopolize o seu alimento para si mesmo quando há outros que passam fome. Seus discípulos terão que aprender a pôr à disposição dos famintos o que têm, mesmo que seja só “cinco pães de cevada e dois peixes”.

O modo de agir de Jesus recorda a última ceia e as palavras que Jesus pronunciou naquela ocasião: tomou o pão, agradeceu e os distribuiu. Recorda a Eucaristia que recebemos no contexto da comunidade de fé reunida para ouvir a Palavra e comungar do corpo e sangue de Jesus, depois enviada para construir uma sociedade fraterna, solidária e capaz de partilhar os bens para que todos comam à vontade e sobre “12 cestos” porque nada pode se perder. A multidão não compreende profundamente o gesto de Jesus. Para compreender é necessário a fé.

Por vontade do papa Francisco, neste domingo comemoramos Dia Mundial dos avôs, avós e todos os idosos (as). A ocasião tem um tema escolhido pelo papa Francisco: “Eu estou contigo todos os dias” (cf. Mt 28,20) e tem a finalidade de expressar a proximidade do Senhor e da Igreja na vida de cada idoso, especialmente neste momento difícil de pandemia. Que todos sejam abençoados com alegria e serenidade. Parabéns!

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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