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Editorial

Tristeza sem-fim

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O falecimento de uma criança de um ano e oito meses em Marechal Cândido Rondon, vítima de meningite bacteriana, foi o assunto mais comentado – e lamentado – no feriado de quarta-feira (1º), com repercussões que ainda não terminaram.

Todo mundo de alguma forma tentou se colocar no lugar dos pais e pressupor a imensa tristeza e sofrimento que eles estão vivendo por perder uma filha pequena, um anjinho que mal começou a vida, que ainda teria tudo pela frente. Tantas fases incríveis para serem avançadas, mas, não. Tudo foi interrompido.

Perder um filho, criança, então, é uma experiência que ninguém quer passar.

Não é de hoje que a meningite vem chamando a atenção, principalmente dos pais, já que ela costuma acometer as crianças.

Neste ano, por exemplo, começou com a divulgação de um caso aqui, outro ali, em diferentes regiões do Paraná, e em pouco tempo a preocupação tomou medidas maiores. O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, chegou a descartar, no início do mês de abril, qualquer possibilidade de surto de meningite no Paraná, tamanho o número de casos que chegava à mídia, com óbitos, por sinal.

Teve ainda a morte do neto do ex-presidente Lula, num primeiro momento noticiada como sendo devido a um quadro de meningite (semanas depois foi divulgado que o garoto faleceu de infecção generalizada pela bactéria Staphylococcus aureus), o causou grande comoção e fez a doença ficar ainda mais em evidência.

A meningite geralmente é causada por uma infecção viral, mas também pode ter origem bacteriana ou fúngica. Além, ainda, por outros microorganismos, como parasitas, ou até por complicações de outras doenças, entre elas o sarampo e a pneumonia. Daí a importância de todas as pessoas estarem com as vacinas em dia. Prevenção sempre foi palavra de ordem.

Até pouco tempo atrás, vacina de meningite era somente na rede privada de saúde. De uns anos para cá, o SUS fornece gratuitamente a dose contra a meningite C. Já para os outros tipos de meningite a vacinação tem custo, e, diga-se de passagem, bastante “salgado”.

Como hoje em dia a matrícula das crianças nas escolas está vinculada ao comprovante da carteira de vacinação, que deve estar em dia, é difícil constar alguma pendência, o que é muito bom. Porém, para aqueles que além da vacina gratuita gostariam, também, de imunizar os filhos contra os outros tipos de meningite, por exemplo, a situação complica. Como cada dose tem o valor de praticamente a metade de um salário mínimo, e cada filho deve tomar pelo menos três, vacinar não é algo tão simples. Neste caso passa longe do querer. Nem sempre basta querer.

Nem todo mundo tem condições de pagar entre R$ 350 e R$ 420 (preços cotados em clínicas de Toledo – em Rondon não há disponibilidade dessas vacinas) por apenas uma dose da vacina mais completa contra a meningite, que protege contra os tipos A, C, W e Y, muito menos entre R$ 520 e R$ 600 por uma dose contra a meningite do tipo B. Ou então, fazer as duas vacinas. Para quem tem dois filhos, por exemplo, são quase R$ 3 mil. Mesmo que se possa parcelar, é um valor bastante alto para os assalariados, ao menos.

São preços fora da realidade da grande maioria, que já têm um custo de vida alto mensalmente, com tantas contas a pagar.

E, ressalta-se ainda, mesmo se vacinando, não há garantia de que não se vai ter a doença. Ela previne, com certeza. Mas 100% de garantia é difícil.

O alarde criado em torno da creche rondonense que a criança frequentava é desnecessário, como muitos falaram – e é verdade -, mas, perfeitamente compreensível. Quem é pai e mãe sabe que mesmo sendo desnecessário, sempre há preocupação.

Entretanto, é hora de manter a calma. As secretarias de Educação e Saúde muito bem conduziram as medidas de precaução, fazendo a desinfecção da sala onde a criança estudava e mapeando os demais alunos para verificar se havia sintomas da doença. E não há. Está tudo sob controle, portanto, não há motivos para polêmicas ou coisas do gênero.

Todavia, o alerta fica. E com inverno chegando, os cuidados em termos de prevenção são sempre fundamentais, uma vez que as doenças do tipo bacterianas têm maior preponderância nessa época.

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