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Elio Migliorança

UM BRINDE À HIPOCRISIA

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Para os cidadãos do térreo deste prédio chamado Brasil tem algumas coisas incom-preensíveis, por mais esforço que se faça para entender, e olha que a gente de burro não tem nada, a única coisa que temos são as “costas largas” para carregar o pesado fardo dos erros dos outros e pagar a conta. A propaganda política tem mostrado duas faces distintas. De um lado, se algum vivente que esteja de passagem por aqui e não conheça o país em que vivemos, vai achar que está no paraíso. Tudo está resolvido. Já não existe mais gente pobre, os que eram da classe D estão na classe C superior e os demais acima chegaram ao sétimo céu. A saúde pública? Ora, só não vê quem não quer. Estamos tão bem, temos tantos recursos sobrando que emprestamos um avião para o presidente do Paraguai tratar-se no Brasil. Será que o Sistema Único de Saúde (SUS) vai bancar mais esta generosidade?
Os milhões que saíram da linha da pobreza já não estão mais nas favelas, os moradores das favelas são imigrantes recém chegados ao país e que não enriqueceram ainda. Segurança? Bem-vindos ao Brasil, este problema é do passado, tudo está resolvido. A outra face é daqueles que encontraram o “caos total” e prometem reconstruir a nação devastada pelo abalo das forças da natureza. E nós aqui no meio sabendo que a política é o grande brinde à hipocrisia e manipulação daquela parcela de massa burra e ignorante do país. E pior, movida a muito dinheiro, dinheiro contabilizado e não contabilizado, surrupiado em obras públicas ou desviado via “cartões corruptivos”.
E do outro lado a Justiça aplicando multas que não são pagas porque as sucessivas recorrências nos processos acabam levando a causa para o arquivo. O que todos perguntam é: o que significa uma multa de R$ 5 mil para uma campanha que arrecada milhões? Tanto dinheiro, que certa ocasião o marqueteiro Duda Mendonça declarou ter recebido R$ 12,5 milhões no exterior, e tudo ficou tal e qual. A multa devia ter outra escala. A primeira de R$ 50 mil, a segunda de
R$ 100 mil e a terceira cassação da candidatura, e ponto final. Aí com certeza o comportamento e o respeito à lei seria diferente.
Outra coisa incompreensível é a condenação imposta a alguém pela Justiça. Em reportagem neste jornal no dia 20 de abril, noticiava-se que o ex-governador Requião foi condenado a devolver
R$ 200 mil ao Estado. Alguém acredita que um dia ele vai devolver um centavo sequer? Com certeza não.
Para alguns leitores que escrevem dizendo que não gostam de temas políticos, vou então recordar de uma condenação por assassinato. Na semana passada completaram dez anos que o jornalista Pimenta Neves matou a ex-namorada. Condenado a 19 anos de prisão, continua “respondendo” em liberdade. E quantos outros crimes, sequer foram julgados. Um dos mais rumorosos casos da última década, o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André (SP), ocorrido há sete anos, ainda não foi julgado.
Precisa de uma reforma no Judiciário? Precisa sim e urgente. A começar pela forma de ingresso e promoção. Por concurso e merecimento. Nada de Q.I. (quem indica). Afinal, aquele ditado de que a “Justiça tarda, mas não falha” está completamente errado, pois quando a Justiça tarda, então já falhou.

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