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Editorial

Um flerte com a morte

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A Lei Seca, que tornou mais rigorosa a punição para motoristas que usam bebidas alcoólicas e depois dirigem veículos pelas ruas e rodovias do país, acaba de completar 11 anos.

A criação dessa lei foi um avanço significativo para a segurança de usuários em todo o território nacional, mas o que se observa nas ruas é que muita gente ainda tem descumprido a legislação. Fartas são as páginas dos jornais dedicadas a acidentes causados, basicamente, pela ingestão de bebidas alcoólicas. Nos finais de semana, quando há festas e baladas por todos os cantos, os riscos são multiplicados.

Não é possível mensurar, mas certamente essa lei já evitou a morte de muita gente. Aliás, morte de um trânsito já violento por natureza. Cerca de 50 mil pessoas perdem a vida por ano no Brasil vítimas de acidentes automobilísticos. Boa parte tem o álcool como protagonista desses trágicos episódios. Além de evitar mortes e outras vítimas, pune com mais rigor aqueles motoristas que insistem na irresponsabilidade.

Não é difícil detectar motoristas que bebem antes de pegar o volante. Nas lojas de conveniência, nos bares e restaurantes, nos bailes do interior, nas casas de amigos sempre há alguém disposto a transgredir essa regra. Em Marechal Cândido Rondon, por exemplo, não há a cultura do táxi e a do motorista da rodada, aquele camarada que não bebe para levar e trazer as pessoas de volta para casa com a maior segurança possível. Ainda é uma ação tímida. Se a polícia fizesse uma blitz após o baile de Oktoberfest, certamente muita gente teria que se explicar para a Justiça.

Pior ainda que beber e dirigir pelas ruas da cidade é pegar as rodovias. Quando os acidentes acontecem, nesse caso, geralmente são acompanhados de vítimas fatais, dor e saudade. São tragédias que poderiam ser evitadas, mas que ainda insistem em acontecer porque a sociedade brasileira ainda não digeriu corretamente a informação de que beber e dirigir pode matar pessoas. O que falta às pessoas é conscientização e respeito.

Quando uma pessoa ingere álcool e vai dirigir, está colocando a sua vida e a de tantos outros usuários em risco. Mas para muita gente isso parece pouco, afinal, quantos motoristas já saíram ilesos de suas viagens etílicas, sem acidentes, sem multas. O falso argumento de que nunca aconteceu nada lhes dá uma falsa sensação de proteção. Tem aquele que diz que bebe e reduz a velocidade, outro sugere que dois ou três copos não fazem mal, tem até aquele que diz que dirige melhor quando bebe um pouco. Tudo ilusão. Uma mínima quantia de álcool já é suficiente para confundir, retardar, distorcer.

A Lei Seca completa 11 anos de muito êxito, mas é preciso que as pessoas se abasteçam de conscientização para que o país possa reduzir, cada vez mais, o número cruel de vítimas de acidentes automobilísticos. Quantas vidas mais terão que ser ceifadas para que as pessoas se conscientizem sobre o assunto? Mais que transgredir uma lei, quem bebe e dirige flerta com a morte.

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