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Editorial

Uma chantagem amazônica

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Mais uma vez a Amazônia brasileira virou manchete no mundo todo. O número de queimadas nos últimos meses ganhou destaque na mídia nacional e internacional, que atribui ao agronegócio a devastação provocada naquela região. Maus fazendeiros, mas também extratores de madeira, garimpeiros e até indígenas são os responsáveis pela devastação que acontece por décadas.

E muito do que acontece dentro da Amazônia é culpa de governos estrangeiros que vivem apontando o dedo para o Brasil. Nos países desenvolvidos da Europa estão boa parte das empresas que “usam adequadamente” os recursos naturais da Amazônia, como plantas e minérios. E algumas dessas grandes empresas têm participação dos governos, como a norueguesa Hydro, produtora de alumínio e controlada pelo governo da Noruega, que em 2018 foi flagrada lançando rejeitos tóxicos em nascentes amazônicas.

O Brasil é talvez o país no mundo que mais soube preservar suas riquezas naturais. Dos tempos de Cabral até hoje, cerca de 60% de sua mata nativa está em pé. Na Europa, esse índice é de 3%. Há países que sequer chegam a 1% de preservação da mata original. A área agricultável brasileira é menor do que a área dedicada às reservas indígenas. As matas ciliares são exemplo para o mundo na proteção dos rios. Em cada propriedade rural, pelo menos 20% da área é composta de reserva florestal. A legislação ambiental brasileira é uma das mais rígidas do mundo – se não a mais rígida.

Mas novamente o desmatamento é ligado exclusivamente ao agronegócio. Países já começaram a retaliar o Brasil na venda de alimentos, como a soja. A China, que passou os últimos 30 anos crescendo às custas de degradação, descuido e nenhum controle ambiental, aponta o dedo para o produtor brasileiro, alegando que só vai comprar soja que seja certificada como não devastadora da Amazônia. Piada.

Quando o Brasil começa a despontar como o mais importante provedor de alimentos para o mundo, vem as questões da Amazônia para jogar um balde de água fria nas lideranças e nos produtores rurais. Os episódios se repetem, com histórias repetidas e um mesmo objetivo: frear o Brasil.

O comércio internacional é uma via de mão dupla, bastante complicado e que exige jogo de cintura especialmente dos governos federais. Mas uma postura firme o brasileiro nunca viu de seus governantes e das classes produtivas, que não sabem se defender quando são atacados. Sempre foi e continua sendo assim.

É claro que há problemas com a preservação da Amazônia, que há maus exemplos, mas tratar o agronegócio nacional como prejudicial à Amazônia é insano. O agro não precisa arrancar uma só árvore, como já disse a ministra Tereza Cristina. O agro não precisa da Amazônia.

Países que devastaram suas riquezas naturais, ao longo de séculos de exploração indiscriminada e irresponsável, não têm moral para apontar o que e como o Brasil deve proceder. O país precisa ter uma postura mais firme no comércio internacional e saber se defender sobre as questões ambientais. Não dá pra ficar levando pito e ficar cabisbaixo.

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