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Arno Kunzler

UMA IDEIA, NA PRÁTICA…

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Quando a Itaipu lançou o condomínio de agroenergia que virou cooperativa, para unir em torno de 20 propriedades rurais na Linha Ajuricaba, com o objetivo de dar destino aos detritos produzidos pelos animais nas propriedades, parecia que logo teríamos a solução para um todo.

O projeto custou caro, tanto para a Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, que acreditou na ideia, como para a Itaipu, que desenvolveu a tecnologia e ficou responsável pela implantação.

Jornalistas e autoridades do mundo inteiro foram convidados a visitar o local e conhecer, quiçá, a solução para um dos grandes problemas do futuro, o destino dos dejetos dos animais, especialmente em áreas superpovoadas, e ao mesmo tempo a produção de energia alternativa.

Temos poucas informações sobre especialmente dois aspectos do projeto. A produção de energia alternativa como atividade econômica e a secagem de produtos agrícolas pela cooperativa.

Tudo indica, porém, que sem subsídios elevados do Poder Público o projeto fracassa e corre sérios riscos de não ser levado adiante.

Também não temos informações se o projeto que foi anunciado como solução para regiões do Primeiro Mundo, chegou a ser replicado em algum lugar; sequer se temos alguma localidade no Oeste do Paraná desenvolvendo algo parecido.

Nem se Itaipu conseguiu atrair algum outro município que tenha disponibilizado os recursos necessários para desenvolver um segundo ou terceiro projeto na região do Lago.

Não está em discussão a ideia, que parece notável. O que se pretende é discutir se existe viabilidade e tecnologia para que um projeto como esse um dia se torne sustentável.

Que ele foi elaborado para gerar benefícios isto está claro, mas se esses benefícios um dia possam gerar resultados para os agricultores que acreditaram e investiram na ideia, essa é outra questão.

Nem mesmo se o município de Marechal Cândido Rondon, que apoiou o projeto desde o seu começo, investindo elevadas somas de dinheiro, um dia conseguirá ver esse projeto andar com as próprias pernas e talvez, quem sabe, oferecer algum retorno pelo investimento feito.

Assim como em outros tantos projetos liderados por Itaipu nesta região, parece que neste também se falou demais e se fez de menos.

Não que se deva desestimular as iniciativas, as pesquisas e até as tentativas de resolver problemas, mas, em alguns casos, precisamos melhorar as avaliações, antes de investir dinheiro.

É bom ver pessoas que acreditam e lutam por coisas novas, mas seria bom que o risco fosse dividido.

Quem traz a ideia e acredita nela e tem o conhecimento sobre o que vai fazer também precisa assumir riscos e pagar pelo fracasso, quando ocorrer.

 

* O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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