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Silvana Nardello Nasihgil

Uma pessoa pode ser feliz sozinha, sim!

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Gostaria muito de saber quem foi que contou que uma pessoa não pode ser feliz sozinha. Pois é, vejo tanta gente desesperada por um par que chega a ser preocupante. Sem critérios, muitos vão se juntando a quem aparecer, sabendo pouco ou quase nada sobre a pessoa. Em poucos dias incluem na vida e estampam as redes sociais com promessas de amor eterno. Fazem isso com a mesma velocidade com que trocam de roupa.

Então, vão repetindo as mesmas atitudes que já geraram muito sofrimento. Sem se darem conta, viverão mais uma nova edição do mesmo, daquilo que já experimentaram e que vem se tornando um padrão de comportamento destrutivo. Nessa repetição a chance de encontrar a tão sonhada felicidade está, sem dúvida, fadada ao fracasso.

Ao agir assim, a falta de amor próprio se torna explícita. Podemos facilmente observar a repetição das atitudes impensadas na necessidade de ter alguém pra chamar de seu/sua, de mostrar aos outros que consegue conquistar, no abandono dos filhos, amigos e família, perda de foco no trabalho, no futuro, criando a visão de um mundo novo, desculpando os defeitos do eleito(a) e criando fantasias que não se sustentarão.

O pior de tudo, o que grita nessa situação, é a carência extrema e, em decorrência disso, a incapacidade de fazer escolhas conscientes.

Quando se trata de relações humanas é inconcebível brincar com a vida dos outros e, pior ainda, colocar a própria vida em risco. Faz-se necessária a compreensão de que é preciso se curar do que já machucou, sarar o coração e a alma, estar inteiro, aprender a dar conta da vida, saber-se pleno mesmo sozinho(a). Só então será possível se preparar para buscar por alguém.

Esse alguém precisa caber como ser humano, ter projetos parecidos e se equivaler em muitos quesitos. Enfim, são muitos detalhes que precisam ser observados.

Pessoas não são coisas que se podem jogar fora ao descobrir que não servem. Por isso não dá para ficar juntando e agregando na vida sem qualquer critério.

A vida está bem complicada para se complicar ainda mais.

É inconcebível que as pessoas se permitam ir colocando na vida alguém de qualquer jeito.

Gente que conhecem em redes sociais, que sequer sabem o nome completo, do qual desconhecem totalmente o passado, gente cheia de traumas, de incertezas, que busca se encostar para que alguém simplesmente banque as suas carências.

Gente que procura uma cama para satisfazer suas necessidades sexuais, que busca uma empregada de graça para cuidar das suas coisas e “roubar” um almoço ou jantar de graça. Alguém para derramar as suas angústias e por aí vai.

Sabe aquela frase “as pessoas dão sinais”? Pois bem, elas dão sim! Sempre, o tempo todo. Só que almas carentes ficam cegas, embevecidas com qualquer migalha, pensam ter encontrado o amor ideal e quando vão descobrir a confusão já está feita e o sofrimento é inevitável.

Esse discurso pode parecer excesso de pessimismo, mas não é: chama-se cautela e autocuidado.

A gente só tem uma vida para viver; nenhum dia voltará atrás. Portanto, cada dia é precioso.

Quem aprende a se amar sabe que cada dia é um presente muito especial que precisa ser vivido em plenitude.

Eu só gostaria de levar vocês a pensar, a refletir sobre o que cada um merece e o que está se permitindo viver. Não existe julgamento, existe preocupação e um alerta de prevenção.

A vida é feita de escolhas e escolher ser verdadeiramente feliz ainda é o que melhor podemos fazer por nós.

Na falta de um par que possa realmente ser alguém que venha para acrescer, ou mesmo na decisão de se bastar, ficar só também é uma escolha, uma escolha sábia em muitos contextos, uma escolha pelo amor próprio e pela paz de decidir a própria vida. E não tem nada errado nisso!

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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