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Editorial

Uma saúde

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No início dos anos 2000, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) começou a aplicar o conceito “Uma saúde”, que resumidamente propõe à humanidade uma ideia conhecida há mais de um século; que a saúde humana e a saúde animal são interdependentes e ligadas à saúde dos ecossistemas em que existem. Ou seja, a saúde dos humanos, dos animais, domésticos, de criação e selvagens e do meio ambiente estão interligadas. Uma depende da outra.

Na teoria, algo simples de compreender, na prática, algo extremamente difícil de executar, se sequer a população mundial consegue distribuir os alimentos que produz entre as pessoas. O conceito de saúde única é sensacional, mas quase utópico em um planeta onde 4,5 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento básico e mais de dois bilhões sequer têm água tratada. Mas é um conceito que certamente merece ser o norte das ações humanas para preservar a saúde das pessoas, dos animais e do planeta. A própria OIE estima que em 2050 vão morrer mais pessoas por falta de antibióticos eficientes do que qualquer outra doença.

Observa-se, no entanto, que as consequências de emergências sanitárias globais, como têm acontecido nos últimos anos e que mais recentemente ganharam os holofotes mundiais com o Covid-19, o novo coronavírus, vão além da saúde de tudo e de todos. Não mais importantes, mas consequências além do plano sanitário.

No fim do ano passado, o brasileiro sentiu na pele a alta dos preços das carnes. Na maior parte, culpa da peste suína africana, que dizimou milhões de porcos na China, hoje o maior e mais voraz consumidor do mundo. Na Europa, novos casos de influenza aviária estão sendo reportados. Com o Covid-19 em cena, a economia mundial reduziu uma ou duas marchas. As bolsas despencam, o dólar dispara, metrópoles inteiras pelo mundo ficam parcialmente paradas ou isoladas. Países se fecham. Até os Jogos Olímpicos estão na berlinda. Indústrias pararam as linhas de produção por falta de peças importadas da China.

A saúde financeira do planeta está em risco. Os mais pessimistas acreditam até que tais emergências sanitárias possam dar início a uma recessão mundial. Para os mais otimistas, para lideranças mundiais e para as mídias tradicionais, não há motivos para pânico. Não há como saber ao certo quem é que está com a razão. Mas os estragos dessas doenças emergentes já começam a ser sentidos em todas as partes do mundo. Todos os setores da economia estão perdendo, como o turismo ou mesmo o agronegócio.

Mas o pior mesmo é colocar a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente em xeque. E pelas bandas de Marechal Cândido Rondon, a dengue já tirou duas vidas e fez 446 vítimas, destruindo famílias, abalando um dos tripés do conceito da OIE: a saúde das pessoas. Então, faça sua parte. São só cinco minutinhos para dar uma boa olhada no seu quintal. Se a saúde é única, alcançá-la depende de todos e de cada um.

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