Arno Kunzler
Vamos ao futebol
Vivemos dois contrastes com a nossa história neste momento pré Copa do Mundo.
Primeiro, não temos um selecionado brasileiro de dar inveja, temos bons jogadores e um excepcional treinador.
Um jogador sim, excepcional, mas não sabemos como chegará à Copa e se não vai pipocar.
Mesmo assim, vivemos uma harmonia de dar raiva, uma unanimidade que parece burra e um achismo que nos coloca como favoritos, de novo…
Podemos até vencer e sermos hexacampeões do mundo, mas é bom lembrar que jamais fomos campões numa situação de “unanimidade nacional”.
Todas as seleções brasileiras que venceram um mundial foram duramente criticadas, as listas fortemente contestadas e o jeito de jogar e os titulares muitas vezes desconhecidos.
Agora não, todos sabem como o Brasil joga, todos sabem quem são os titulares, exceto um ou outro…
E a história também nos mostra que seleções assim, pelo menos as nossas, sempre sucumbiram.
A mais cruel foi a de 1950, que perdeu a final no Brasil para o Uruguai com mais de 200 mil torcedores no Maracanã.
A mais dolorida da minha geração é a de 1982, a seleção de Falcão, Zico e Sócrates, um show de futebol, derrotada por uma Itália descreditada.
E ainda tivemos para os mais jovens torcedores a de 1998, que perdeu a final para a França por incríveis 3×0.
A de 2014 no Brasil é a mais recente e mais fresca na memória de todos…
Os brasileiros choravam durante o Hino Nacional, não só o jogadores, nós torcedores também, tamanha era a confiança, a vontade e a emoção de vencer uma Copa, enfim, no Brasil.
Mais uma vez caímos e caímos da pior maneira possível que haveremos de lembrar por muitas décadas.
A impressão que passa é que Tite é tão bom técnico que não permite discordâncias. Contudo, as vitórias recentes e a falta de questionamentos também podem nos levar a um grande engodo.
Sempre é melhor ser preparado para as batalhas mais fortes e difíceis num ambiente mais hostil, mais crítico e menos poético.
Arno Kunzler, jornalista e diretor do Jornal O Presente
arno@opresente.com.br