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Arno Kunzler

Velha x nova política?

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Na minha modesta opinião, não existe velha e nem nova política. Existe política e políticos que praticam boa política e políticos que praticam a política errada, viciada – que pretende-se, então, chamar de “velha política”.

Sempre existiram bons políticos e boa política.

Não é do dia para a noite que nasceram bons políticos e os velhos todos deixaram de ser bons.

Mas, para identificar, o presidente Jair Bolsonaro trata de cuidadosamente chamar a prática viciada de fazer política de “velha política” e tenta emplacar o seu estilo, um estilo, digamos, sem barganhas e sem chantagens e vantagens de “nova política”.

E nesse cenário um duelo de gigantes promete roubar a cena.

De um lado está o todo poderoso presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que resolveu chamar o ministro da Justiça, Sérgio Moro, de “funcionário do Bolsonaro”. Não que ele não seja, mas, convenhamos, pela importância do cargo que exerce, a designação é completamente pejorativa.

De outro lado está o ministro “mais amado do Brasil”, que, ao enfrentar os poderosos corruptos, fez nascer a esperança de que o Brasil tem jeito e precisa de mais “Moros” para acabar com os desmandos.

Maia é um velho político que conhece como ninguém as artimanhas de fazer “negociações” no Congresso.

Moro é um juiz de carreira, estudioso do Direito, que, além da vasta folha de serviços prestados, lidera a discussão em torno de um projeto de lei que propõe profundas mudanças tanto no combate à corrupção como contra crimes violentos.

Maia já deu sinais que vai travar essa discussão no Congresso, até porque talvez o Congresso Nacional seja o lugar onde menos se aprecia o endurecimento das leis contra corrupção. Isso é fato.

O governo (ou seja quem for) já deu o “start” para colocar a tropa de choque em ação em favor do ministro. Já circulam vídeos fortes em defesa de Sérgio Moro e atacando Maia nas redes sociais.

E os milhares de fãs da digamos “nova política” fazem questão de compartilhar tudo que recebem contra Rodrigo Maia, um “velho” político.

Se não tiver cautela, o presidente da Câmara pode sair desse processo completamente fragilizado e sem condições de administrar qualquer iniciativa que coloque os interesses do governo em discussão.

Moro tem apelo popular, credibilidade e até prova em contrário atua de forma limpa e transparente, ao contrário dos políticos tradicionais.

Provavelmente vamos ver cenas fortes e debates contundentes entre Moro e Maia, salvo se houver um recuo de uma das partes.

E seja qual for o nome, “nova política” ou boas práticas políticas, o Brasil precisa mudar e mudar para melhor.

O Brasil precisa aprovar leis e ritos que coloquem os criminosos mais rapidamente diante da Justiça e penas que inibem os criminosos.

Precisa ter políticos que defendam os interesses do Estado e não das corporações.

Precisa ter um governo que seja audacioso nas ações que promovam o desenvolvimento e resistente às tentações dos “maus políticos” ou então da “velha política”, como quiserem.

 

O autor é jornalista e diretor do Jornal O Presente, do O Presente Rural e da Editora Amigos da Natureza

arno@opresente.com.br

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