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Editorial

Ver para crer

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Uma redução significativa nas tarifas de pedágio é esperada para o próximo ano. Com o fim das concessões, novas empresas vão assumir as rodovias pedagiadas do Paraná, consideradas as mais caras do país. A expectativa do governo é de que as tarifas poderão ter redução de até 50% ou mais na disputa das novas concessões.

Os contratos em vigor terminam em 27 de novembro. A perspectiva é que a nova concessão, dividida inicialmente em seis lotes, vá a leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nos primeiros meses de 2022. O pedágio mais caro do Paraná custa R$ 24,60 (carro). Esse valor cairia imediatamente para R$ 11,89 quando começar o leilão. Ganha a concessionária que der o maior desconto. A oferta de um desconto de 25%, por exemplo, derrubaria o custo para R$ 8,91. Mas… Gato escaldado tem medo de água fria. Então, é só vendo para crer.

A concessão das rodovias paranaenses na década de 1990 foi talvez um dos piores negócios feitos para o povo paranaense. São 25 anos pagando o olho da cara a cada par de quilômetros, em rodovias muitas vezes de pista simples e apenas com o mínimo necessário para dar segurança e suporte aos usuários.

A trapalhada, para não dizer outra coisa, do então governador Jaime Lerner, hoje falecido, só piorou nos governos seguintes, com a implantação de aditivos que não só mantiveram os preços sempre nas alturas, como retiraram obras que estavam previstas em contrato.

Se para a população em geral, que usa as rodovias para se descolar de uma região à outra, seja por lazer ou trabalho, para as empresas que usam para transporte de suas mercadorias é ainda pior. Os reflexos da perda de competitividade, pois os produtos ficam mais caros, invariavelmente, são sentidos até por quem não usa a rodovia, mas consome algo que passou por ela.

A população já paga altos impostos para o país não oferecer a infraestrutura mínima necessária para o transporte de cargas e pessoas. Em um mundo ideal, os impostos serviriam para construir e manter as estradas em boas condições. Mas, como o Brasil está longe de ser um mundo ideal, a iniciativa privada assume certas funções e cobra do cidadão por isso. Se não é possível viver em um mundo ideal, ao menos que essa cobrança seja mais justa e muito menos abusiva.

As empresas concessionárias, nesses últimos 25 anos, faturaram abusivamente às custas do cidadão. Se não dá para reparar o erro, ao menos que não se repita daqui para a frente.

O Paraná é um Estado promissor, que o governador Ratinho Junior pretende transformar em hub logístico da América Latina. E tem tudo para acontecer, desde que se tenha infraestrutura para isso, como portos, aeroportos, rodovias e ferrovias. Mais que isso, que seja justo o preço para usar tudo isso.

Essa redução esperada em 50% é uma boa notícia, mas ainda é uma expectativa e não uma realidade. É ver para crer.

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