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Elio Migliorança

VIÉS AUTORITÁRIO

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Gostei do discurso de posse da nova presidente do Brasil. Equilibrado, sensato, bem no estilo “pé no chão”, passou uma imagem de segurança, determinação, certeza dos objetivos de seu governo, sabendo onde deve chegar para corresponder aos anseios da população. Insisto em chamá-la de presidente e não presidenta, pois na Língua Portuguesa não existe esta palavra. E se ela me obrigar a usá-la mesmo assim, então passarei a dizer que ela mora na Granja da Torta e que minhas alunas são adolescentas e que, às vezes, elas estão impacientas.
Também demonstrou estar consciente da gastança promovida pelo governo que findava e pelos “pepinos” deixados para serem pagos no seu governo. A frase que não encaixou foi quando disse: “serei presidenta de todos os brasileiros… vou governar para todos”. A mesma expressão foi utilizada na posse do governador do Paraná e em vários outros pronunciamentos de posse em outros Estados. Ora, isto é da essência do sistema democrático. Se existem eleições é justamente para que o eleitor tenha opções de escolha, e, conforme diz a constituição, quem fizer maior número de votos estará eleito, mas eleito para governar o país ou o Estado todo e não apenas para aqueles que lhe deram o voto, até porque governante nenhum sabe quem votou em seu favor. É mais comum ainda ouvir isto nas posses municipais, e é também muito comum, infelizmente, acontecer do prefeito ou governador beneficiar apenas os “amiguinhos do partido”, a exemplo do que se fez e muito quando o governo se baseava na “carta de Puebla”. 
Ser presidente de todos é um direito e uma obrigação de quem se elegeu, e governar para todos é o mínimo decente que se espera de quem assume o poder. Se assim não for, então os que votaram contra devem ser dispensados de pagar impostos. Qualquer espécie de discriminação é odiosa em todos os níveis. Certa ocasião, um motorista de caminhão no interior do Mato Grosso contava que jamais arriscou oferecer propina a uma policial feminina porque elas tinham fama de serem muito corretas. São mais raros os casos de corrupção envolvendo mulheres. É por isso que coloco muita fé no governo Dilma, mas ela precisa ter consciência de que os ideais que ela defendia, quando lutava contra a ditadura, visavam justamente um país com direitos iguais para todos, tanto para os correligionários como para oposicionistas.
Quando pagamos impostos não nos perguntam em que partido estamos filiados, pagamos igualmente, tanto os verdes quanto os amarelos, portanto nenhum governante tem o direito de discriminar este ou aquele apenas porque não pertence ao mesmo partido. Afinal, estamos no Brasil e não em Cuba ou no Egito. E que os prefeitos também tenham consciência de que toda a discriminação é um crime contra a cidadania, agravando-se quando passa para o campo da saúde ou da segurança. Nosso governador já disse e espero que realmente atenda a todos sem discriminação. Nenhuma comunidade deve ser penalizada porque seu prefeito não pertence ao partido do governador ou presidente. Aqui cabe bem a frase: “nunca faças aos outros aquilo que não queres que te façam”.

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