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Silvana Nardello Nasihgil

Você já comeu pitaya?

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Já usei essa fruta em muitas metáforas com os meus pacientes. Uso para falar das coisas que não conhecemos e que por essa razão sequer temos algo de real para dizer a respeito.

Pergunto: você já comeu pitaya? A grande maioria sabe o que é, mas nunca teve curiosidade de experimentar. Então olham para ela de forma a admirar a sua beleza e por essa razão acreditam que seja boa. Outros dizem que ela vem de um cactos e por isso acham que deve ser viscosa e ruim.

Então, se faz necessário saber que para conhecer o sabor, só experimentando! Isso serve para tudo, pois vivemos a imaginar tantas coisas positivas ou negativas sobre as quais sabemos pouco ou quase nada… e não nos arriscamos, não nos permitimos ir além.

Vivemos em um mundo tão grande, com tantas possibilidades, e por medos, preconceitos, falta de coragem, avaliações primárias, bloqueios ou seja lá o sentimento que nos paralise, deixamos de nos arriscar. Vivemos com ideias pré-concebidas sobre coisas, pessoas, sentimentos, emoções, o mundo físico e todas as inter-relações. Não são poucas as vezes que temos como certo o que sequer já tivemos chegado perto.

Uma grande parcela das pessoas tem dificuldade preocupante de se colocar disponível para o novo, vivendo e se alimentando de um achismo que nada tem de positivo, permitindo que esse contexto os torne escravos de um viver infeliz.

Muitas vidas são levadas na carona do medo, simplesmente do medo de mudar, de experimentar, de se arriscar. Nisso se inclui todo o viver: relações tóxicas, trabalhos desgastantes, “caixinhas” blindadas de preconceitos, valores escravizantes, prisões emocionais, uma graduação meia boca, um amor nada a ver, relações sociais falsas, amizades que diminuem… e uma infinidade de ações e sentimentos que ninguém precisa viver.

A gente não pode esquecer que é possível escolher como viver, que nada é fixo e que ser feliz requer atitudes.

A gente precisa lembrar que somos seres eternamente em construção. Prova disso é que o que fomos há dois anos atrás já se modificou dentro de nós. Então… a gente pode, sim! A gente pode e tem o direito de optar por aquilo que traga possibilidades de uma vida mais leve, de um viver sem rótulos e de dias de paz.

Finalmente eu experimentei pytaia! E hoje não só imagino, eu posso dizer: tem um sabor delicado, meio morango, meio kiwi. E eu amei!

Se vou comer de novo? Vou, sim! Porque é boa demais!

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica (CRP – 07/21393)

 

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