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Elio Migliorança

Voltando ao Brasil

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Nossa viagem estava chegando ao final e o aprendizado que ela nos proporcionou vai marcar este grupo para sempre. Este contato com os países escandinavos, seu passado e a forma como conseguiram construir uma sociedade mais justa e solidária, a cultura do respeito ao ser humano acima do Estado foi significativo e marcante.

De nossa parte, a cada nova informação passada pelos guias que nos apresentaram seu país com todas as riquezas e organização social, as comparações com nosso Brasil eram inevitáveis. Comparando as adversidades que eles enfrentam com o clima e o relevo do país com a generosidade que a natureza nos premiou com um clima favorável e áreas altamente produtivas, consolidava-se a certeza de que o nosso problema aqui são as pessoas, especialmente aqueles que se beneficiam do trabalho e da riqueza produzida pelos demais.

A ausência de corrupção, a cultura da população na preservação da natureza e o respeito aos direitos dos demais foram uma escola a céu aberto para nosso grupo de viajantes. Ficou evidente a vantagem quando há um projeto de país, entra governo e sai governo e todos trabalham na mesma direção, que é a construção do projeto que traça os rumos do país, na maioria das vezes um projeto para 30 anos ou mais.

Já aqui a prática comum de um partido quando se elege é um projeto de poder, que na maioria das vezes é para 20 anos e todas as ações são direcionadas para consolidar este projeto que passa pela nomeação de companheiros e assemelhados nos cargos mais estratégicos dos três poderes, o que vulgarmente chamamos aqui de “aparelhamento do Estado”.

Ao longo da série de artigos escritos sobre esta viagem, fui várias vezes abordado por pessoas, algumas concordando outras discordando da opinião aqui manifestada. Respeito todas elas, embora não concorde com algumas. Dizer que se você não está contente com o Brasil deve mudar-se para outro país é, acima de tudo, querer defender as falcatruas e a corrupção que aí estão e que têm roubado o futuro de algumas gerações por ter impedido o Brasil de chegar a um estágio de desenvolvimento igual ao dos países que visitamos.

Tivemos a oportunidade de avaliar como é importante quando as instituições funcionam de acordo com a Constituição do país e como isso gera segurança na vida das pessoas e é fundamental para impulsionar o progresso do país.

Aqui existe toda uma estrutura que se coloca a serviço da defesa dos corruptos e assemelhados quando eles ocupam um cargo relevante. Nem tínhamos colocado ainda os pés no solo brasileiro e os jornais distribuídos durante o voo nos informavam do turbilhão político e econômico que encontraríamos ao desembarcar.

O impeachment aconteceu, um novo grupo, que de novo só tem o nome porque é formado por pessoas que estão ligadas à política desde que Adão e Eva foram expulsos do paraíso, tomou conta do poder e agora estão sendo aprovadas medidas que a maioria da população não captou ainda o tamanho do rombo que isso pode representar para o futuro desta geração.

Há medidas necessárias e urgentes, isso todos reconhecemos, mas o que logo percebemos é que ninguém está falando no corte das mordomias e vantagens daqueles que estão no andar de cima deste prédio chamado Brasil. Com os políticos que temos e o que já nos aprontaram no passado, achar que há uma luz no fim do túnel pode ser alguém voltando por não ter encontrado a saída.

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