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Dom João Carlos Seneme

Vosso amor vale mais do que a vida

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O evangelho deste domingo (30) está estreitamente unido à manifestação de fé de Pedro: “Tu és o Messias, filho de Deus”. Porém hoje Jesus começa a aprofundar as consequências de sua missão e do seu seguimento: “Quem alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. Jeremias e Pedro revelam o mesmo sentimento: como é difícil ser discípulo! É preciso mudar o modo de ser e de pensar para converter-se ao verdadeiro Deus. No fim permanece sempre o amor de Deus que jamais abandona os seus escolhidos.

A apresentação de um messias sofredor, derrotado, é muito estranha para a mentalidade dos judeus. A esperança dos discípulos e dos ouvintes é a figura de um salvador vitorioso, poderoso, que, com sua força, deveria ser o novo rei e devolver a dignidade ao povo escolhido, o povo de Deus.

Jesus assusta os discípulos ao falar que o caminho de sua glorificação passa pelo sofrimento e pela morte na cruz. Pedro não concorda e se opõe decididamente: “Deus nos livre de tal destino! Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!”.

Jesus repreende Pedro e diz que ele não entende as coisas de Deus.

Neste contexto podemos compreender claramente quando Jesus chama Pedro de Satanás. Neste momento Pedro se coloca como adversários dos caminhos de Deus e como uma pedra de tropeço na missão de Jesus como Messias. Jesus recorda Pedro que ele é discípulo e, portanto, deve seguir o mestre. Pedro deverá aprender que os pensamentos de Deus são diferentes dos pensamentos do homem; deverá aprender que o amor cristão não passa pelos caminhos do triunfo e sucesso, mas pelo dom de si sem reservas e medidas como Cristo doou sua vida para resgatar toda a humanidade.

Jesus espera que os seus seguidores também estejam dispostos a assumir as consequências deste caminho. “Quem quiser salvar a sua vida, há de perdê-la, mas quem perder a vida por amor de mim, há de encontrá-la”. Aceitar esta lógica significa colocar-se a caminho, arriscar, perder-se para adentrar no mistério da vida plena.

O que é que significa “tomar a cruz” de Jesus e segui-lo?

A cruz é a expressão de um amor total, radical, que se dá até a morte. Significa a entrega da própria vida por amor. “Tomar a cruz” é ser capaz de gastar a vida – de forma total e completa – por amor a Deus e para que os irmãos sejam mais felizes. Bem afirmou São Paulo: “a mensagem da cruz é loucura para os que se perdem; para os que se salvam é força de Deus” (1Cor 18-19).

Para compreender esta dinâmica precisamos da fé, dom de Deus. A morte e ressurreição do Salvador são a fonte e o modelo do nosso perder-se para nos reencontrar, do nosso morrer para viver. Este evento se repete agora diante dos nossos olhos no sacrifício da missa. Senhor, ensinai-nos a perder-nos para nos reencontrar em vós para a vida eterna.

Neste domingo celebramos o Dia do Catequista e queremos nos congratular com todos, mulheres e homens, que oferecem o seu tempo para ajudar tantos irmãos e irmãs a se encontrar pessoalmente com Cristo e tomar a decisão de segui-lo de perto vivendo em comunidade na Igreja e testemunhando o seu amor no mundo. Ser catequista é colaborar para inserção de alguém na comunidade cristã, não apenas transmitindo doutrina, mas favorecendo uma experiência de fé. Obrigado, catequista, o seu ministério enriquece nossa diocese.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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