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Editorial

Vultuosa inocência

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As Forças Armadas têm um grande prestígio com a população brasileira. Sob o escudo de braço forte, mão amiga, é vista como a protetora contra os inimigos, em casos de guerra, e auxiliadora dos necessitados, como se observa quando são designadas para, por exemplo, auxiliar na retirada de pessoas vítimas de grandes catástrofes. A imagem de bom moço tem conquistado cada vez mais osbrasileiros, que, em grande número, agora pedem umaintervenção militar para solucionar os problemas do Brasil.Vultuosa inocência. Muitos desses que são favoráveis à instituição de um novo regime militarno Brasil pouco ounada entendemdas instituições e seus deveres.

As instituições políticas e de Estado se baseiam noconsenso social, mesmo que esse consenso muitas vezesnão vá de encontro ao que é melhor para o Brasil. Já asinstituições militares são hierarquizadas, com decisões quepossivelmente não levam em conta a opinião de outrosmembros da nação. Enquanto na primeira há participaçãopopular, na última a lógica é a repressão da vontadeindividual.

Os Forças Armadas não podem mudar o Brasil porque fazem parte de um sistema total, e sofre de muitos problemas que as esferas civis também sofrem, como a corrupção, embora notadamente em menor escala, intensidade e repetibilidade que a classe política, por exemplo.

O brasileiro está saturado com a corrupção no meio político. As constantes e intermináveis operações policiais para prender os maiores líderes do Executivo e do Legislativo, o descortinar de escândalos envolvendo as maiores empresas do Brasil e outra série de infortúnios tornaram o brasileiro mais crítico. Crítico sim, mas não deveria ser a ponto de pedir o retorno das Forças Armadas ao poder.

O mundo sabe que o militarismo não é mais uma opção entre as nações. O modelo democrático com instituições civis ainda é o melhor entre os piores. Não há como isso dar certo. A radicalização, com uma intervenção, não temmais sentido algum. Seria um grande retrocesso, sem garantia nenhuma de que algo mudaria para melhor.

Oxalá tivéssemos fácil uma solução para o Brasil. Sabe-se,no entanto, que um novo regime militar não curaria o Brasil de suas mazelas, pois militares não foram criados paraconduzir um país, tampouco são anjos ou deuses, livres dos pecados das instituições civis. Um novo Brasil está surgindo, com uma população disposta a corrigir as falhas do passado e do presente, inspiradas em um futuro melhor. Falhar agora seria falhar na melhor oportunidade que o povo experimenta desde a redemocratização do país.

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