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Elio Migliorança

O bem e o mal eram vizinhos

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No roteiro da viagem estava incluída a charmosa cidade de Cracóvia, que durante mais de 500 anos foi a Capital da Polônia. Enquanto a Capital Varsóvia foi destruída durante a 2ª Guerra Mundial, Cracóvia foi poupada, pois ali estava instalado o comando central das forças de ocupação nazistas. Há muitas belezas, história, arquitetura e arte para ver na cidade. Começamos pelo gueto de Cracóvia.

Gueto era um bairro demarcado pelos nazistas onde deviam ficar confinados todos os judeus, pois se encontrados fora do gueto era morte certa. Na área do gueto foram expulsos 3,5 mil poloneses e ali colocados18 mil judeus para morarem no mesmo espaço. Próximo ao gueto está o prédio onde funcionava a fábrica de Oskar Schindler, que inspirou o filme “A Lista de Schindler”. O senhor Schindler foi do bem, pois salvou da morte certa mais de 1,2 mil judeus, dos quais 800 trabalhavam na sua fábrica em Cracóvia, posteriormente transferida para a República Tcheca, tendo conseguido autorização para levar consigo seus funcionários e mais 400 crianças, cujos nomes foram incluídos como se trabalhadores da empresa fossem. Em gratidão pelas vidas que salvou, seu corpo foi sepultado em Jerusalém. Se aqui morava o bem, a uma distância de 65 quilômetros estava o vizinho mau, que, ao invés de salvar, matava todos aqueles que lhe caíam nas garras. Trata-se do tristemente famoso campo de concentração nazista, o campo de Auschwitz. Ali os prisioneiros sentiram na própria carne a mais cruel e sanguinária estrutura para destruir seres humanos. Alimentava-se por prazer, por experiências científicas do carrasco nazista Josef Mengele. Matava-se de fome, sede,por exaustão de tanto trabalhar, por asfixia em cubículos que chamavam de celas. Enfim, em Auschwitz a vida dos prisioneiros não valia um centavo.

Quando Adolf Hitler lançou as bases para o seu projeto de supremacia da raça ariana e do III Reich, ficou claro como se criou a cultura de extermínio de todos que não fossem alemães. Hitler resumiu assim o seu projeto de poder no mundo: “em nosso caso não se trata da conquista de pessoas, mas somente da conquista de espaço que sirva para objetivos agrários”. O projeto era conquistar territórios,eliminar seus proprietários e entregá-los aos alemães.

Entrando em Auschwitz, respira-se um ar pesado que brotadas paredes daqueles barracões onde tantas vidas foram destruídas. Restam ali testemunhas silenciosas dos crimes cometidos, representados por cabelos, calçados, próteses, malas, dentes de ouro, talheres, pratos e objetos de uso pessoal aos milhares como a gritar o nome dos seus proprietários testemunhando que centenas de milhares de seres humanos foram cruelmente assassinados. Restam também centenas de fotos e filmagens feitas pelos nazistas para prestar contas aos seus superiores. Os dois complexos de Auschwitz abrigavam mais de120 mil prisioneiros, e os mortos ultrapassam um milhão e 100 mil pessoas.

Lembrar do que aconteceu por lá é obrigação de todos, pois uma frase numa das ruas do campo deixa claro:“quem esquece a história está condenado a vive-la de novo”. A história de Auschwitz foi escrita com a tinta da hipocrisia e a caligrafia da infâmia. Que a lição de Auschwitz nos inspire a fazer um mundo um pouco melhor para todos aqueles que encontramos nos caminhos da vida.

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