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Tarcísio Vanderlinde

Fazer o que é do nosso dever

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No livro “Grandes educadores”, o pedagogo Fritz Märsdestaca Martinho Lutero como um dos 40 educadores que marcaram com suas idéias os últimos 2500 anos de história da humanidade. O escritor coloca Lutero entre outras personalidades históricas como Sócrates, Makarenko, Agostinho, Francisco de Assis, Tomás de Aquino e Inácio de Loyola. Lutero teria demonstrado inabalável amor ao indivíduo que erra, e uma consciência da própria fraqueza e falibilidade. Dizia que precisávamos que fizéssemos o que é do nosso dever, exatamente porque o futuro é incerto.

Dois textos de Lutero merecem atenção sobre o assunto. O primeiro, escrito em 1524, intitulava-se “Aos conselhos de todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs”. O segundo, de 1530, se intitulava “Uma prédica para que se mandem os filhos à escola”. Os textos são influenciados pelas concepções teológicas do Reformador. Sem ser o único ao seu tempo em propor um formato educacional para a sociedade,Lutero teria seu nome marcado pelo assunto.

Lutero defendia um ensino para todos e também sugeriu como este processo deveria ser organizado em termos de estrutura curricular. Teria no humanista Filipe Melanchthonum hábil auxiliar que o ajudaria a sistematizar suas idéias.A importância de se estudar línguas antigas e clássicos é enfatizada na proposta curricular. A Universidade de Wittenberg, onde Lutero atuou, se tornaria em sua época amais popular da Germânia. No entanto, a implantação de uma educação popular na Alemanha ao início do século XVI ficaria comprometida pela Guerra dos Trinta Anos.

Para Lutero, era óbvio que a escola tinha que ter um caráter cristão, assim como também tinha que ser cristão o Estado. Secularização não era um conceito em pauta naquele momento. O currículo proposto por Lutero teria a Bíblia como cerne do ensino. A defesa do aprendizado de línguas, como grego, hebraico e latim, tinha o objetivo precípuo de preparar a pessoa para um melhor entendimento da Bíblia. Junto à gramática e obras literárias clássicas é estimulado o ensino de história. O estudo da história tornaria os homens prudentes e sábios.Também é recomendado o ensino da música, além de matemática,jurisprudência e medicina, estas duas últimas disciplinas mais no âmbito universitário.

Outro aspecto importante era o incentivo à implantação de bibliotecas e às obras que esta biblioteca deveria ter: mais orientadas pela qualidade do que pela quantidade. Lutero teria aceito uma escola baseado em princípios humanistas, opondo-se a punições físicas e pressões psicológicas. Não acreditava em punições rigorosas como método pedagógico para viabilizar o ensino. Defendia uma escola lúdica, onde o aprender fosse algo prazeroso. A educação cristã, acreditava Lutero, é educação para liberdade.

Em sua época, Lutero reclamou da falta de professores qualificados. Para ele, os mestres deveriam ser bem preparados e bem valorizados. Apela aos pais para que mandem os filhos à escola e contribuam com doações para a manutenção da mesma. Contudo, caberia primeiramente às instâncias locais a responsabilidade pela criação e manutenção das escolas, bem como seu financiamento. Os pais deveriam estar atentos para o que acontecia na escola. Para Lutero, a educação tinha que ter uma finalidade prática e social. A escola não deveria somente preparar clérigos. Ela deveria ter um alcance universal envolvendo toda a sociedade.

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