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Brasil Mais baixo na história

Maior usina do Rio Iguaçu tem volume útil menor que o registrado durante o apagão de 2001

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Reservatório atingiu menor nível de água da história em 10 de setembro (Foto: Carlos Alexandre Nunes/Copel)

O reservatório da Usina Hidrelétrica Governador Bento Munhoz da Rocha Netto, a maior e mais potente do Rio Iguaçu, no Paraná, está com o volume útil de água abaixo do registrado em agosto de 2001, quando houve o apagão no Brasil. Nesta segunda (13), às 14 horas, o volume útil era de 9,25%, conforme dados da Companhia Paranaense de Energia (Copel).

O dado corresponde à parcela de água do reservatório que pode efetivamente ser usada para geração de energia.

Levando em consideração agosto deste ano, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o reservatório teve volume útil médio de 15,5% ante 80,29% registrado no apagão, há 20 anos. O valor é também o mais baixo encontrado para o mês nas últimas duas décadas.

A unidade está localizada em Pinhão, na região central do Paraná, e é também o maior reservatório da região Sul no Sistema Interligado Nacional (SIN), correspondendo a quase 30% do subsistema.

Por conta da estiagem que atinge o país, a pior dos últimos 91 anos de acordo com o Governo Federal, uma sala de crise foi criada pela administração federal para debater um plano de ações com o objetivo de evitar a falta de energia.

Isso porque, no Brasil, quase 65% da energia elétrica gerada tem origem em usinas hidrelétricas, conforme dados de 2019 da Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

Além disso, conforme nota técnica do ONS de agosto, a geração de energia atual será insuficiente para atender a demanda do país a partir de outubro caso não haja produção adicional.

 

Volume útil do reservatório durante os meses de agosto dos últimos 20 anos

(Foto: Reprodução G1)

Os índices da antiga Usina do Foz do Areia se tornam ainda mais preocupantes quando observados dados de setembro. No sábado (11), às 00h, o reservatório chegou ao nível útil de 8,66%.

Além disso, nos primeiros nove dias do mês, a usina gerou uma média de 329 MW, valor que representa apenas 19,6% da capacidade instalada de 1.676 MW de potência, segundo a Copel.

Sobre a média de geração, a Copel explicou que neste momento tem relação com o nível de armazenamento, “porém não é exclusividade de períodos de escassez do recurso”.

Questionada sobre uma possibilidade de suspensão temporária do funcionamento da unidade, a companhia afirmou que tais decisões competem ao ONS e que a Copel opera conforme despacho do órgão.

O G1 questionou o Observatório Nacional do Sistema Elétrico sobre o tema e também sobre as consequências do índice para o sistema nacional, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.

Para Edson Flessak, que atua na área, o país corre riscos de sofrer apagões programados, isto é, coordenados pelo Governo Federal para economizar energia diante do cenário atual.

Além disso, ele também ressalta que não acredita em um colapso, mas que, a curto prazo, será necessário acionar todas as usinas termoelétricas – que geram energia mais cara.

 

Menor nível de água da história

Conforme dados da Copel, o nível de água do reservatório é atualmente o mais baixo registrado na história da usina. A marca foi quebrada no último dia 10 de setembro, quando o registro fechou em 705,34 metros.

Anteriormente, de acordo com a companhia, a pior marca havia sido registrada em maio de 2014. À época, o nível chegou a 705,77 metros. Já no apagão de 2001, o nível registrado era de 736,2 metros, conforme o ONS.

 

Reflexos da crise

Um dos reflexos, por exemplo, foi a criação do patamar de bandeira tarifária para as contas de luz de todo o país, chamada de “bandeira tarifária escassez hídrica”. O modelo entrou em vigor neste mês e representa um acréscimo de R$ 14,20 às faturas para cada 100 kW/h consumidos.

À época do anúncio, por meio de nota, o Governo Federal mencionou o alto custo de produção de energia devido ao acionamento de usinas termoelétricas pelo país.

No mesmo dia, o governo também anunciou um desconto de R$ 0,50 por kWh economizado nas faturas entre setembro e dezembro deste ano.

Conforme regras publicadas no Diário Oficial da União, o desconto se aplica para os consumidores que reduzirem, no mínimo, 10% em relação ao mesmo período de 2020. Entenda no vídeo abaixo.

 

Com G1

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