Desde que Jair Bolsonaro se elegeu presidente do Brasil, Brasília nunca mais foi a mesma.
Brasília já foi uma cidade tranquila, com harmonia entre os três poderes, com ministros, parlamentares e milhares de lobistas atuando dia e noite de forma muito sossegada.
De repente virou um turbilhão, com o presidente da República desafiando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), dirigentes do Congresso e até entidades com menor expressão, como imprensa e outros.
Passaram-se quatro anos e o governo Bolsonaro não foi reeleito.
Foi a gota d’água para o que vimos depois da eleição de Lula até esta semana com a condenação de Bolsonaro e a reação dentro e fora do Brasil.
De um lado, um grupo político bem organizado, muitas vezes intolerante e inconformado com a derrota.
De outro, um governo com equívocos frequentes na política econômica, na diplomacia e pouca força no setor produtivo do país.
Em meio a esse ambiente político, vivemos um ambiente jurídico conturbado que vem sendo muito questionado, não só pela forma como é constituído, pela forma como julga, mas também pela forma como age e se pronuncia através das sentenças.
O Brasil precisa se encontrar, não para punir os culpados pelas coisas erradas no passado, mas para achar um caminho que nos leva a um futuro com mais tolerância e perspectiva de melhoras, especialmente para as pessoas de menor renda.
Se de um lado o STF está punindo de forma exagerada, o Congresso está dividido e o governo não consegue ter ações que sinalizam claramente para dias melhores. Algo precisa acontecer.
Talvez já esteja acontecendo, Brasília já começa a entender que o Brasil não pode parar, que os brasileiros não podem ser punidos por conta de políticos mal-intencionados e intolerantes.
É hora do Congresso Nacional, e parece que o primeiro sinal foi dado.
Para acabar com a intolerância, tanto do STF, cujas penas são consideradas exageradas, quanto dos políticos mais exaltados, pode ser que esteja surgindo uma luz no final do túnel.
O projeto antes denominado de “anistia” pode levar os congressistas a um grande entendimento, onde nem anistia e nem penas exageradas são a solução.
Pelo menos, pelas primeiras palavras do relator do projeto, deputado Paulino da Força, o projeto de anistia não existe mais.
Mas haverá um grande esforço para que todos participem de um entendimento onde os presos, especialmente os do dia 8 de janeiro, poderão receber a liberdade com a redução das suas penas e os apenados com mais de 20 anos receberem penas menores, o que poderá acarretar em soltura imediata de alguns com uso de tornozeleiras ou penas menores para cumprir em regime fechado para outros.
Num primeiro momento a proposta não deve agradar nem os mais direitistas e nem os mais esquerdistas, mas pode ser um apelo que faça refletir em busca do bom senso perdido.
Eu, particularmente, acho que é o caminho.
Tudo vai acontecer dentro do Congresso Nacional, de bom ou de ruim.
Se houver compreensão e a temperatura política baixar um pouco, podemos achar o rumo que nos leva a uma eleição mais tranquila em 2026 e com as instituições fortalecidas, para, finalmente, um governo “normal” construir as bases para o Brasil que todos queremos.
Viva o diálogo, viva o bom senso e viva a democracia.
arno@opresente.com.br
@arnokunzler
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