Demora muito tempo para construir uma imagem que seja aceita pela opinião pública.
Para destruí-la, basta ter as ferramentas, a intenção e agir.
É o que parece estar acontecendo com o ex-juiz Sergio Moro.
Frágil e indefeso, porque não tem apoio de nenhum segmento político, desde a extrema esquerda até a extrema direita.
Sem apoio político e na mira dos desembargadores e ministros, que tiveram que engolir sua performance durante a Lava Jato, quando esta contava com apoio incondicional dos brasileiros, agora o ex-juiz caminha sozinho.
Pode estar carregado de razão, mas terá que superar as acusações que lhes são feitas diariamente por desafetos que cultivou dentro do Judiciário, do Ministério Público e, principalmente, do setor político.
Além de provar a inocência a cada instante, terá que se expor aos debates e às armadilhas de infundadas acusações que lhes serão feitas.
É a vida de um político. Não basta ser honesto, tem que parecer honesto e provar o tempo todo que não roubou, que não sonegou, que não mentiu, que não disse que era contra os pobres, que não acusou nenhuma religião, que não falou mal dos negros, que não falou mal dos judeus, que não falou mal do agro… Enfim, é um jogo intenso de acusações.
Sairá Sergio Moro vitorioso desse embate?
Terá ele fôlego para se defender de tantas acusações, algumas com suas razões, mas a grande maioria infundadas, que tentam transformá-lo no bandido da história?
São as perguntas que os eleitores vão responder nos próximos meses.
Se Moro quiser manter sua pré-candidatura a presidente da República viável, terá que responder de forma convincente aos seus desafetos, que têm experiência e artimanhas em destruir imagens de líderes políticos.
E como se pode perceber, cada um tem o seu dia de glória e o seu dia de infortúnio.
Lula já foi endeusado e já visitou o fundo do poço.
Bolsonaro já esteve no fundo do poço e teve seus dias de glória.
Ambos tentam recuperar seus melhores momentos, a glória do poder.
Mas Sergio Moro foi unanimidade nacional quando desencadeou a Lava Jato.
Passou a cultivar desafetos, que se opuseram abertamente, quando decretou a prisão do ex-presidente Lula, algo inédito, inimaginável e de repercussão internacional.
Mas jamais deve ter imaginado que ingressar na vida pública fosse algo tão complexo e gerasse tanto desgaste.
Que pessoas antes amigas e próximas agora lhe viram as costas e atiram pedras.
Sair disso exige fôlego, força, determinação, coragem, luta incessante e, mais do que isso, poder de convencimento.
Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente e da Editora Amigos
