Tirando o lado engraçado, hilariante e cômico, nada mais sobra do esforço de Datena e Pablo Marçal para encontrar um mote de campanha que faça o eleitor se decidir por eles.
Salvo engano desse colunista, tanto Datena como Pablo Marçal dificultaram muito suas próprias campanhas e se havia alguma chance de alguém chegar ao segundo turno nessa disputa pela Prefeitura de São Paulo, pelo jeito essa chance acabou.
Um candidato não pode agredir verbalmente tanto seus adversários e o outro não pode perder a cabeça a ponto de dar uma cadeirada no oponente.
Cena melancólica da nossa política e da disputa pela principal prefeitura da América do Sul, cujo orçamento para 2024 é de R$ 118 bilhões.
Apenas para efeito comparativo, o orçamento do Paraná aprovado para 2025 prevê arrecadação de R$ 68 bilhões, pouco mais de 50% do orçamento da Prefeitura de São Paulo, que, por sua vez, se equivale ao orçamento do Estado de Minas Gerais.
Portanto, a cidade de São Paulo é um dos principais motores da economia brasileira, cuja prefeitura não pode ser maltratada assim, a cadeiradas.
É bem verdade que a classe política como um todo está sendo rejeitada pelos eleitores, não só por aquilo que faz de forma errada, mas e principalmente por aquilo que não faz quando está no governo.
Pablo Marçal, diferentemente de Datena, é rico e inteligente, mas pode estar jogando fora seu futuro, que poderia ser promissor, tamanha é sua capacidade de comunicação.
Esse episódio é mais um retrato da falta de limites e da pobreza moral do ser humano em tempos de redes sociais.
Saindo das redes sociais e levando o estilo de comunicação para os palcos da política, o resultado é facada, tiro e cadeirada.
Pensamos equivocadamente que estamos evoluindo, que as redes sociais nos deixam mais preparados.
Só que não, o preparo não vem das agressões e nem dos xingamentos.
O preparo do político vem do debate de ideias e do contraditório.
Para moldar um bom político é preciso uma tribuna livre e adversários para enfrentar.
Caso contrário, produzimos ditadores, que, na falta de argumentos, sentam o braço, ou no caso, a cadeira.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul
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