A formação das equipes de governo é sempre um processo desgastante e muito delicado.
Tirar alguém do governo sem uma motivação especialmente forte e que justifique tal atitude é um processo que abre feridas difíceis de cicatrizar na política.
Então, para evitar esse desgaste, os prefeitos costumam conversar muito e avaliar todas as alternativas antes de anunciar seus auxiliares.
No caso de Marechal Cândido Rondon, podemos observar algumas particularidades.
O prefeito Marcio Rauber sabe bem onde poderia ter feito diferente no primeiro mandato e o que lhe custou não ter feito diferente.
A começar pela promessa que fez durante a campanha de não nomear vereadores eleitos como secretários.
E a segunda questão, a de não se envolver na disputa pela presidência da Câmara de Vereadores no final da gestão de Pedro Rauber, quando o grupo se dividiu e entregou a presidência para a oposição.
Esses, digamos, equívocos de posicionamento custaram grandes e longas preocupações.
Primeiro quando os vereadores, maioria de oposição, decidiram abrir processos de cassação de vereadores aliados do prefeito.
Depois quando se avizinhou a real possibilidade de formar um bloco com mais de 2/3 e propor a cassação do próprio prefeito.
Foi aí que Marcio Rauber, perspicaz e de forma hábil, conseguiu convencer Adriano Backes a assumir a Secretaria de Agricultura e Política Ambiental e acabar com as pretensões do grupo de oposição.
Conseguiu se livrar do processo de cassação.
Agora foi diferente.
Durante a campanha pela reeleição o prefeito evitou prometer que não nomearia vereadores para ocupar cargos de confiança em seu governo.
E também sabe que precisa fazer mudanças no seu primeiro escalão, mas trata o assunto com cautela, talvez até esperando a composição da mesa diretiva da Câmara para depois anunciar alguns secretários.
Por mais que os prefeitos não queiram, as vezes é necessário interferir nas disputas internas das Câmaras para evitar problemas políticos de consequências desastrosas.
Podemos dizer que na política acerto é tudo aquilo que deu certo depois e erros representam tudo aquilo que deu errado em algum momento.
Logo, erros e acertos fazem parte da política, pois a descoberta de uma decisão que deu certo ou errado acontece sempre depois.
E daí todos sabem quem e como errou, mas poucos ou ninguém falou ou avisou antes.
O acerto é sempre de todos, o erro é individual.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos
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