O Presente
Arno Kunzler

Eterna insatisfação

calendar_month 14 de dezembro de 2023
3 min de leitura

É crescente e desafiador o descontentamento dos cidadãos (pelo menos uma parte) com a escolha dos dirigentes das nossas instituições, seja do Judiciário, Legislativo ou Executivo, ou até mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Passamos anos contestando o formato e o modelo para escolha e aprovação de dirigentes do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesta semana, o Senado aprovou a nomeação de um líder polêmico, sob os protestos de grande parte da população.

Mas o que fazer para mudar?

Já ouvi inúmeras vezes pessoas dizerem que um integrante do STF precisa ter notável saber jurídico.

Pois olha, podem contestar o comportamento de Flávio Dino, mas não que ele não tem saber jurídico. Foi juiz, deputado, governador, senador e ministro da Justiça. Precisa mais do que isso?

Aí as pessoas dizem, mas tem que ser eleito pelo povo.

Ora, como se nós não tivéssemos críticas reiteradas e constantes aos eleitos pelo povo…

O exemplo mais recente e mais contundente da nossa história é a eleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Então, podemos concluir que íntegros ou não, com saber jurídico ou não, eleito ou não, aliado do Bolsonaro ou do Lula, não faz a menor diferença.

As críticas serão as mesmas e a contestação de suas ações também, principalmente se forem contra o que nós achamos certo.

O mundo atual, onde os líderes pertencem às redes sociais, é impiedoso e cruel.

É o preço da liberdade de expressão tão propalado e defendido por todos.

É sempre mais fácil ver defeitos do que virtudes nas pessoas e muito mais fácil criticar do que elogiar.

O artigo não pretende contestar e nem aprovar o nome de quem foi nomeado, mas tentar descobrir como deveria ser, se o atual modelo já não serve mais.

Nunca saberemos como um ministro do STF irá se comportar, na hora de um julgamento, mesmo que tenha sido nomeado por Lula, Dilma, Temer ou Bolsonaro ou ainda se acaso fosse eleito pelo povo.

Apenas deduzimos pela lógica que os nomeados pelo PT vão defender o PT, mas é bom saber que nem sempre foi assim.

É bom lembrar que foi Joaquim Barbosa, nomeado por Lula, que jugou o mensalão e condenou inúmeros político do PT.

E que Teori Zavascki, nomeado por Dilma Rousseff, foi o relator que pediu a prisão de centenas de empresários e políticos envolvidos na Lava Jato.

Mas também foi Edson Fachin, nomeado por Dilma Rousseff, que declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba, que acabou por anular todos os processos da Lava Jato, inclusive a prisão de Lula, que por consequência pôde ser candidato e ser eleito presidente do Brasil.

Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul

arno@opresente.com.br

@arnokunzler

 
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