O cenário político brasileiro está nebuloso, não só para Lula, mas também para seus adversários.
Senão vejamos. Temos diante dos nossos olhos um problemão criado pela diplomacia do presidente Lula e pela intolerância da nossa política internacional, que insiste em desprezar alguns aliados e atrair novos por ideologia política.
Um problema que incomoda quem criou ele e quem precisa resolver também.
Lula sabe que sem resolver a questão, sem negociar com Donald Trump, muitas empresas brasileiras vão debitar na conta dele parte da crise para onde foram arrastadas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) está diante de um problema que ele mesmo criou e agora percebe que exagerou na dose, mas não vai recuar para não assumir que exagerou.
Quem está querendo resolver está sendo desacreditado praticamente por ambos os lados.
O Congresso criou o seu problema com a chamada PEC da Blindagem, que institui uma espécie de zona franca em Brasília para quem está enrolado com algum tipo de crime.
O povo já está animado para protestar nas ruas, com o PT na liderança, o que há um mês era inimaginável.
A direita criou o seu problema ao estimular as pessoas a acampar em frente aos quartéis, que resultou, com apoio ou não do ex-presidente Bolsonaro, na fatídica invasão aos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.
Centenas de pessoas inocentes ou com grau de responsabilidade mínimo foram presas, julgadas e condenadas a mais de dez anos de prisão.
Agora que Bolsonaro também foi preso, a direita, ou então o bolsonarismo, trabalha forte para livrar Bolsonaro da prisão, aproveitando os ingênuos e inocentes presos pelo 8 de janeiro.
Os dois lados agora têm motivação para realizar grandes concentrações, uns para pedir anistia e outros para defender a prisão e a rejeição da PEC da Blindagem.
O momento é de grande agitação política e nesse ambiente costumam se fortalecer lideranças que têm conteúdo, que têm opinião firme e sabem defender seus pontos de vista.
Desse horizonte nebuloso sairão lideranças que nos próximos anos vão dominar nossa política.
Quem souber interpretar melhor o sentimento da maior parte da população e do momento que vivemos vai ser o nosso líder, ou nossos líderes, para as próximas décadas.
Pode ser Eduardo Bolsonaro, pode ser Ciro Gomes, quem sabe até Lula, pode ser Tarcísio de Freitas, mas também pode ser Ratinho Junior.
Ou alguém ainda desconhecido sairá do anonimato para liderar a tropa.
Enquanto isso, nossos empresários continuam pagando juros estratosféricos com a taxa Selic de 15% ao ano, com uma das maiores tributações do mundo e um verdadeiro abismo entre o poder de compra da classe média e da classe baixa.
É o mundo ideal para os pregadores da demagogia.
arno@opresente.com.br
@arnokunzler
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