Apesar das discordâncias inevitáveis, o governo brasileiro está indo bem.
O que ainda não se refletiu na economia doméstica das pequenas empresas que estão sangrando e teimosamente resistem a lei da sobrevivência.
Mas se podemos ter esperança, e talvez devêssemos tê-la, é nesse processo de reestruturação do país.
O primeiro passo foi necessariamente mudar o rumo da política econômica implantada na era PT.
O inchaço e a burocracia travaram o Brasil a tal ponto que para recuperar o rumo foi preciso quase que uma ruptura.
Não pelos discursos do nosso presidente, que continuam estranhos para grande parte da população, mas pelas ações práticas do governo e pelos projetos em discussão no Congresso, talvez tenhamos um sinal de avanço efetivo.
A primeira etapa foi vencida parcialmente até aqui: a reforma da Previdência, que para ser completa precisa agora incluir Estados e municípios.
Estados e municípios têm tantos ou mais problemas que na União.
Agora vemos o governo apresentar um dos maiores projetos de reestruturação da confederação.
Um pacote que foi elaborado em menos de um ano e propõe reformas profundas que precisam ser feitas para corrigir as distorções e o descaminho do dinheiro público.
O dinheiro precisa ir direito ao destinatário, não pode continuar sendo barganhado no meio do caminho por essa insana atuação dos políticos e pela burocracia estatual, lenta, cara e muitas vezes corrupta.
E, apesar da atuação de políticos desonestos no Congresso, a maioria das casas sinaliza que haveremos de vencer. O Brasil que queremos é majoritário.
Nas mãos do extraordinário ministro Sérgio Moro está nossa esperança de vermos em breve uma legislação mais severa especialmente para combater a corrupção e o crime organizado, que são a raiz de quase todos os problemas de segurança.
Também nas suas mãos a esperança de investimentos financeiros e determinação de que as polícias passem a agir com maior estrutura de inteligência, integração e diálogo entre elas.
Quando entendermos finalmente que a produção da riqueza é promovida pela iniciativa privada e que as empresas precisam ter liberdade para desenvolver sua capacidade e inteligência competitiva, daí teremos um Brasil efetivamente melhor para empreender e fazer a economia crescer.
Esse processo está em curso, perceptível em vários setores do governo e grande parte da sociedade.
Não tenho a ingênua expectativa de que as reformas tragam uma redução da carga tributária, mas tenho a esperança que a elevada carga tributária possa ser melhor aplicada em favor do cidadão.
Também não tenho a ingênua sensação de que essa “nova política” seja tão boa que não mereça críticas e reparos a serem feitos.
Mas, como observador e crítico, vejo muito mais acertos e uma imensa vontade de mudar o Brasil para melhor do que motivos para lamentar.
O que ainda não foi apresentado, como reforma política, do Judiciário com suas infinitas cortes de apelação, tributária que efetivamente possa reduzir o número de impostos e consequentemente a burocracia, são reformas imprescindíveis que se não forem feitas, as outras não surtirão o efeito desejado.
O que o governo não pode é se atrapalhar politicamente e perder o rumo das reformas; é nelas que reside a esperança dos que querem investir no Brasil.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos da Natureza
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