Não se pode questionar o pragmatismo do PT quando se trata de enfrentar a fome, ainda que o programa Fome Zero tenha ficado longe dos seus objetivos reais, exceto no resultado eleitoral, onde os dividendos foram maiores que no combate à fome.
Também não se pode questionar o pragmatismo do PT quando se trata de defender empresas estatais, mesmo depois de tudo o que aconteceu.
Também não se pode questionar o pragmatismo do PT quando se trata de criar novos impostos.
Neste quesito, o PT é honesto. Ele não mente, nem durante a campanha. Promete que vai criar novos impostos, e nós podemos nos preparar.
Já a sonhada picanha, bem, deixa pra lá…
O PT é obcecado por empresas públicas gigantes, onde pode empregar muitos aliados com salários atraentes.
E quando se trata de empresas públicas sempre vem à tona o questionamento: empresa pública bem gerida é importante?
Mas o que é uma empresa pública bem administrada?
Aquela que dá lucro? Aquela que emprega muita gente? Aquela que distribui bons resultados para a sociedade?
O ideal seria uma empresa pública com essas três virtudes, mas os governos, ao longo do tempo, se encarregaram de destruir a luta por esse ideal, especialmente os governos populistas.
Esse é o perigo. Esse é o grande risco PT para o Brasil.
Mas é bom reconhecer que o PT não ganhou a eleição só porque prometeu auxílio de R$ 600, fim das privatizações e novos impostos para os mais ricos.
O PT foi mais competente para vender seu projeto de governo, quer aceitemos ou não.
Usou as armas que tinha e que sabe usar.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul