Os brasileiros assistem à maior “fritura” política da história recente.
Era previsível que o sistema fosse reagir ao crescimento político do ex-juiz Sergio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol.
O sistema costuma proteger os seus.
O tempo de esperança acabou muito cedo, um pouco pela fragilidade das ações desenvolvidas pela própria Lava Jato, mas fortemente pela eficiência e enorme poder daqueles que querem continuar usando as estruturas do Estado para seus negócios particulares.
Nunca aquela frase “o poste mijando no cachorro” foi tão bem aplicada.
Hoje vemos bandidos disfarçados de autoridades chamando juízes e promotores que combateram o crime organizado de “bandidos”, e tudo bem, tudo normal.
Aos poucos, grande parte dos brasileiros começa acreditar que foi isso mesmo, que os bandidos denunciados eram mocinhos e os juízes e promotores eram de fato os malfeitores.
Deltan, além de perder seu mandato, ainda corre risco de perder seus direitos políticos, segundo interpretam alguns juristas.
Sergio Moro, se não renunciar, certamente passará pela mesma humilhação de ver seu mandato cassado por unanimidade.
Podemos dizer, com tristeza, que a guerra contra a corrupção acabou e os milhões de reais que haviam sido resgatados poderão até mesmo voltar aos cofres daqueles que haviam devolvido o dinheiro depositado em suas contas do exterior.
Nesta semana tivemos um encontro do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, com o presidente Lula e, em seguida, uma reunião no Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a rejeição, por unanimidade, das denúncias contra Lira, e não menos por acaso, no mesmo dia, uma reunião dos dirigentes da mesa diretiva da Câmara acatou, também por unanimidade, a cassação do mandato de Deltan Dallagnol.
Para quem enxerga um pouco além da ponta dos sapatos, está tudo muito claro e a caça às bruxas vai continuar.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul