Por saberem que já tivemos um instituto de pesquisas, as pessoas frequentemente nos abordam para pedir o que achamos do resultado das pesquisas divulgadas e também das não divulgadas que tomamos conhecimento.
Parei de fazer pesquisas pela complexidade de compreensão que as pessoas têm sobre o assunto.
Pelo pavor que os políticos têm e pela quantidade de pesquisas falsas que são divulgadas das mais diversas formas.
Tenho uma opinião sincera sobre o assunto.
Primeiro, nunca vou duvidar de uma pesquisa porque não sei como foi feita. Logo, não tenho o que contestar.
Segundo, nunca vou acreditar cegamente numa pesquisa, porque nunca saberei com que intenção ela foi divulgada e o quão sério é quem fez ou mandou fazer.
Terceiro, quem manda fazer uma pesquisa, se o resultado for negativo para os seus interesses, jamais vai divulgar.
Logo, o que é divulgado ou é feito por alguém que não tem interesse nenhum, o que é muito raro, ou pode ser um resultado maquiado para induzir o eleitor e, muitas vezes, até os próprios candidatos.
Quarto, pesquisa registrada não significa que ela seja correta ou incorreta. Significa apenas que ela preencheu os requisitos técnicos exigidos pela Justiça para se obter um resultado minimamente confiável.
Agora, se o trabalho de campo não foi feito adequadamente ou falsificado de propósito, isso não impede que ela seja divulgada como “pesquisa registrada”.
Quinto, qualquer pessoa consegue fazer uma pesquisa que reflete o momento eleitoral, desde que faça a planificação correta, como número de entrevistados, um questionário coerente, estratificação por idade, sexo, renda e domicílio, e que não falsifique as respostas obtidas.
Só não pode divulgá-la.
Eu não desacredito as pesquisas, apenas não lhes dou a importância que a maioria dos eleitores dão. Daí porque esse temor dos candidatos pela divulgação de pesquisas.
As pesquisas feitas corretamente são ferramentas importantíssimas para qualquer campanha bem-sucedida; a divulgação, nem sempre.
É comum institutos sem credibilidade venderem seu apoio para determinado grupo político (não vendem só o serviço de realização das pesquisas), mas seus pesquisadores percorrem as cidades fazendo perguntas e comentários sobre os candidatos, tipo: nossa, nesta cidade parece que todo mundo vai votar no fulano.
Esse comentário é cuidadosamente feito para influenciar o eleitor.
Quando o eleitor se depara com esse tipo de pesquisador, tipo comentarista, certamente é um cabo eleitoral.
Sexto, pesquisa é uma fotografia momentânea que pode mudar ao sabor da campanha, portanto não é necessariamente um indicativo de que aquele candidato vai vencer a eleição.
Mas, não há dúvida que o eleitor indiferente tem uma tendência de votar num candidato que está bem ou que lidera as pesquisas.
Portanto, é provável que ainda veremos pesquisas para todos os gostos, ora um candidato liderando, ora outro.
É bom não demonizar as pesquisas. Elas são importantes. Observe-as, apenas, com cautela.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul
arno@opresente.com.br
@arnokunzler