O Presente
Arno Kunzler

Preços estabilizando

calendar_month 10 de maio de 2022
3 min de leitura

Os preços dos produtos podem estabilizar, mas as perdas salariais não.

Tudo indica que, passados os efeitos da pandemia, da seca e da guerra na Ucrânia, a tendência é de estabilização dos preços, de modo geral.

Não sem antes da inflação e dos juros altos terem causado enormes perdas para a massa salarial e às empresas que dependem de capital de giro ou que têm investimentos corrigidos pela inflação ou dólar.

Menos mal que as especulações iniciais sobre as consequências da guerra já estão absorvidas e as empresas e as atividades que se mantiveram poderão recuperar alguma coisa nos próximos meses.

Todavia, não é o que vai acontecer com os salários da grande maioria dos trabalhadores, com os benefícios que são pagos pelos governos a título de aposentadorias e pensões ou outra forma de auxílio, como o salário-desemprego, auxílio emergencial ou Auxílio Brasil.

Com a economia crescendo e os salários perdendo poder de compra fica subentendido que há uma forte concentração de renda no Brasil e certamente em outros países também, onde há inflação.

Seria isso um retrocesso econômico do momento que vivemos, uma consequência inevitável dessa sequência de crises, ou seria um modelo econômico que beneficia quem tem mais e prejudica quem tem menos?

No Brasil ainda temos uma crise pela frente: a eleição geral de outubro, que normalmente causa transtornos econômicos.

Com a polarização da disputa entre dois candidatos e a falta de um poder moderador que transmita confiança, certamente a eleição não acaba no primeiro ou no segundo turno.

Teremos disputas continuadas, mesmo após a posse do presidente para um novo mandato ou a posse de um novo presidente, a exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos, por exemplo.

Vai ser difícil estabilizar a economia com disputas políticas tão acirradas e, possivelmente, com um Congresso completamente dividido entre os que apoiaram Lula e os que apoiaram Bolsonaro.

Não há reforma que necessita de 2/3 dos votos que passe pelo Congresso.

Também vai ser difícil governar com a defasagem salarial que atingimos, especialmente de categorias que recebem menos e que são a grande maioria dos trabalhadores, seja de servidores públicos ou trabalhadores da iniciativa privada.

A desatualização das tabelas de Imposto de Renda e das micro e pequenas empresas, por exemplo, também gera constante aumento da carga tributária.

Mesmo com os preços das mercadorias estabilizando, vamos ter um final de governo precisando fazer reajustes e um início de governo tentando encontrar soluções para aquilo que foi desarrumado durante a pandemia e as crises seguintes.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul

arno@opresente.com.br

 
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