Vejo comentários nas redes sociais a respeito da crise hídrica que estamos vivendo em Marechal Cândido Rondon, que defendem e insistem na privatização do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) como solução.
Mesmo sendo um defensor da iniciativa privada e julgando que as empresas privadas, pela sua natureza, são mais eficientes que as públicas, acho que essa discussão durante uma campanha eleitoral e durante a crise hídrica fica deturpada.
Vamos com calma.
O Saae, pela facilidade que tem para arrecadar dinheiro e pagar suas contas, nunca teve outras grandes preocupações.
Qualquer diretor, mesmo sem nenhum conhecimento ou, às vezes, sem nenhuma dedicação, conseguiu levar a empresa a ter resultados.
Aí o que mais precisa acaba não sendo feito.
Por exemplo, é certo fazer propaganda que o Saae está oferecendo a água mais barata do Paraná?
É certo oferecer água abaixo do preço de custo, sendo que o município precisa investir na expansão?
Isso não é um estímulo para as pessoas e as empresas gastarem despreocupadamente?
É certo o Saae não ter um corpo técnico permanente, altamente qualificado, que estuda as tarifas, que projeta as demandas e sobre elas realiza as obras no tempo certo e não só em tempos de crise?
Nem vamos falar do tal do conselho que mais serve para acomodar apadrinhados políticos do que representar a comunidade.
Sejamos justos, isso não é de agora, é assim desde que eu conheço o Saae.
As decisões mais importantes do Saae, via de regra, são tomadas por pessoas que foram colocadas lá politicamente e naturalmente estão mais preocupadas com o resultado político do que social e econômico.
Se quisermos ter um Saae capaz de atender as necessidades do crescimento populacional e das demandas crescentes das nossas empresas é preciso cuidar e melhorar a sua gestão.
O Saae é importante para Marechal Cândido Rondon, mesmo como empresa pública, mesmo com deficiências, mesmo tendo um diretor político.
Porém, o Saae precisa melhorar sua performance especialmente para suprir as demandas durante os períodos críticos.
Caso contrário, essa discussão um dia vai evoluir e quando as pessoas não abraçarem e perderem o encanto pela empresa, o Saae corre risco e pode sim ser privatizado.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul
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@arnokunzler