Os argentinos querem escolher um novo caminho para construir um futuro diferente.
O país, que mergulhou no populismo de esquerda muito antes dos demais sul-americanos, tenta mudar o rumo da política para mudar a economia.
Só que o favorito a vencer a eleição é Javier Malei, um ultradireitista que promete uma guinada tão grande que chega assustar seus próprios eleitores.
Entre suas propostas que encontram mais eco está a implosão do Banco Central, a venda de órgãos humanos e a dolarização total da economia, guerra econômica com a China e o fim do Mercosul.
Malei é economista e deputado, mas promete romper qualquer aliança política para governar.
Sua imagem é de um animador de auditório: faz discursos inflamados e consegue levar seus eleitores ao delírio.
É uma figura totalmente diferente do tradicional político. Aliás, as cruzadas contra o sistema político tradicional costumam ser bem-sucedidas nas urnas, tanto que já foram vitoriosas aqui no Brasil, nos Estados Unidos e em vários países europeus.
Difícil é fazer mudanças constitucionais necessárias para mudar os rumos da economia, combatendo os políticos.
É improvável ver soluções mágicas para atender a expectativa de “los hermanos”, mesmo que derrotem o peronismo, a esquerda de modo geral e até o papa.
A Argentina se atrapalhou tanto que hoje virou um país pobre da América Latina e as
propostas que aparecem não geram a confiança.
Para dar uma guinada é preciso uma proposta que una o país, que mostre claramente uma saída em que as pessoas de fato acreditem.
Os argentinos esperam por mudanças e expressam claramente que desejam eleger um presidente de direita, mas se vão encontrar tão cedo o futuro que imaginam, não sei.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul