O projeto de duplicação da BR-277, que corta o Paraná de Leste a Oeste, padece de um movimento político mais firme e consistente.
A duplicação, que deveria ter acontecido nos últimos 20 anos por conta do elevado pedágio que já pagamos, não ocorreu por birra e oportunismo dos políticos.
A renovação do pedágio não deveria ser realizada sem que estivesse incluída no projeto a duplicação das principais rodovias, como a 277, a 163, a 376 e a 116.
Ocorre que novamente estamos discutindo valor do pedágio e não o que necessitamos.
Se queremos rodovias seguras e com capacidade para atender a demanda futura, precisamos duplicá-las.
Implantar um novo pedágio por quase 30 anos sem a duplicação dessas rodovias é mais um absurdo inaceitável.
Alguém consegue imaginar a rodovia 277 daqui a 30 anos, sem duplicação?
Então, se não queremos incluir as duplicações no preço a ser cobrado nas praças de pedágio por quem usa as mesmas, temos que encontrar outra fonte segura de recursos para fazê-lo.
O pedágio, ainda que reflita sobre preços no transporte de alimentos, por exemplo, evita que um trabalhador que nunca conseguiu viajar tenha que ajudar a manter uma rodovia que é usada para quem vai para a praia dez vezes por ano.
Já ouvi muitas pessoas bradar preocupadas com o dinheiro que vai sobrar na Itaipu, depois de quitado o financiamento internacional, o que vai acontecer em breve.
Mas não vi nenhuma proposta condizente ser apresentada.
O dinheiro de Itaipu pode ser essa fonte de recursos livres para realizar grandes obras estratégicas.
O que são obras estratégicas?
Rodovias, portos e aeroportos, por exemplo.
Por que nossos políticos e os líderes que representam os interesses do Paraná não levam a Brasília um projeto para duplicação das nossas rodovias federais, assim que o dinheiro seja disponibilizado?
Para não desperdiçar esse montante líquido de recursos, é preciso ter um projeto pronto, senão os políticos encontram outras prioridades.
Essa é a única maneira de duplicarmos as rodovias sem onerar ainda mais a produção e o cidadão, ou através de aumento de impostos ou dos valores de pedágio.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul