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Dom João Carlos Seneme

Deus amante da vida

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A liturgia deste domingo (27) corresponde ao 13º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico, com a leitura do evangelho de São Marcos (5, 21-43). Jesus é apresentado com autoridade divina no seu mais alto grau: o poder sobre a morte.

Uma multidão rodeia Jesus: no meio de tantos que o aclamam e o tocam superficialmente, eis uma mulher que há 12 anos sofre com uma hemorragia e está perdendo a vida. Poderíamos dizer que ela tem uma ferida aberta, incurável. A doença a tornava estéril ao mesmo tempo que era considerada um castigo e maldição por parte de Deus, impura perante a lei e proibida de qualquer contato humano. Porém, não perdeu a esperança e tinha fé em Jesus: um simples toque e ela seria curada.

Sim, nossa fé “atrai” a graça e a bênção de Deus! Mas Jesus não quer que tudo se esgote em um simples milagre obtido e que ele se torne para ela somente alguém que a curou. Jesus deseja que sua fé se torne madura e plena. Jesus sente que alguém o tocou e procura esta pessoa para espanto de seus discípulos. Com coragem, a mulher se apresenta e se joga aos pés de Jesus e proclama publicamente o milagre e sua confiança em Jesus. Ela obtém não só a cura, mas também a salvação: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”.

É a fé que salva: a fé não em algo, mas em alguém, em Jesus, em sua Palavra, em seu poder. Uma fé que que não pode ser guardada para si mesma, mas deve ser proclamada.

Há também o encontro com o Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum, homem importante. Ele sofre pela doença da filha que está às portas da morte. Jesus vai até sua casa e recebe a notícia que ela já morreu. O narrador salienta neste momento as manifestações fúnebres e as reações de sarcasmo das pessoas diante da intenção de Jesus de fazer alguma coisa.

No coração da morte, Marcos coloca a palavra de vida, que sai com autoridade da boca de Jesus. À mulher curada ele disse: “Vai em paz e fica curada dessa doença”. E à menina ele ordena: “Menina, levanta-te”.

O importante é recordar o que aconteceu antes do milagre. À mulher com hemorragias Jesus havia dito: “Filha, a tua fé te curou”. E também a Jairo ele disse na estrada: “Não tenhas medo, basta ter fé”. É por causa da fé em Jesus que aquela mulher e a menina foram curadas.

Esta é a mensagem central do evangelho: a vida renasce diante da morte, somente quando o ser humano tem fé. A esperança cristã não se sustenta sobre uma doutrina filosófica, nem mesmo sobre uma crença mágica na imortalidade da alma. A comunhão com Deus é o fundamento da esperança cristã. É graças a esta relação pessoal que um dos chefes da sinagoga reza a Deus, que se manifesta em Jesus Cristo, dizendo: “A minha filhinha está morrendo. Vem e põe a mão sobre ela, para que ela sare e viva”.

Em Jesus de Nazaré, Deus assumiu o limite e o sofrimento da humanidade, inclusive a morte. Desta forma, ele fecundou o negativo da vida e ofereceu à humanidade a possibilidade de se dirigir a Deus com a certeza de que ele “não me deixará entregue à morte, nem vosso amigo conhecer a corrupção. Vós me ensinais o caminho para a vida; junto a vós, felicidade sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado!” (Sl 15).

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

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