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Dom João Carlos Seneme

Em Jesus, o Pai manifestou o seu amor incondicional à humanidade

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A Páscoa é a novidade de Deus no reino gélido da morte; as coisas antigas passaram, eis que nasceram coisas novas. É sobre esta novidade que o Evangelho de São João (Jo 13,31-35) nos fala neste domingo (15). A glória de Deus é a manifestação visível do Deus invisível: sua glória é a salvação da humanidade. É na cruz que Deus se manifesta com todo o seu esplendor. O dom que Jesus faz de si mesmo é a expressão do poder de Deus, do seu querer salvífico: a história se torna história da salvação.

Jesus diz aos discípulos que Ele deve partir porque cumpriu a sua missão. Os discípulos o verão de novo. Ele dá aos discípulos um novo mandamento: “amai-vos como eu vos amei”. Os verdadeiros discípulos serão conhecidos no mundo pelo amor e caridade que praticaram entre si e em relação ao mundo.

Os textos da Liturgia da Palavra refletem a expansão missionária da Igreja, relatando a formação de pequenas comunidades cristãs fundadas por São Paulo e seus companheiros que, movidos pelo Espírito Santo, anunciaram a boa nova de Jesus. É só através do amor que o mundo poderá ser transformado. Não um amor de qualquer maneira, mas como Jesus amou: de forma gratuita e incondicional.

“O Reino não se espalha por meio de armas, nem com a propaganda e nem com marketing algum; o Reino se espalha pelo contágio, porque o ‘Amor é contagioso’”. O mandamento do amor continua sendo tão novo que ainda não foi vivido na sua radicalidade. Não se trata só de algo importante; trata-se do essencial. Sem amor, não há vida cristã” (padre Adroaldo Palaoro).

O dom do Ressuscitado é a paz, que não é ausência de conflito, mas a unidade com Jesus e sua missão. Deste modo, Jesus prepara os seus discípulos para tudo o que vai acontecer depois de sua morte e ressurreição. O mundo precisa desta paz e deste amor para vencer o egoísmo, o ódio. Um mundo novo é possível onde reine a harmonia, a convivência pacífica entre as pessoas, respeitando-se as diferenças.

Os discípulos estão chocados com a saída de Judas, que vai entregar Jesus aos seus inimigos. O sentimento entre os discípulos é de medo, pois não sabem o que acontecerá com eles. Jesus lhes garante que eles não ficarão sozinhos, mas que estará sempre presente através do Espírito Santo. A partir deste dia, tem início o tempo da Igreja: com a infusão do Espírito Santo. Os discípulos se tornarão verdadeiros anunciadores de tudo o que viveram com Jesus.

A pessoa que leva a paz dentro de si possui algumas características: ela sempre busca o bem de todos, não exclui ninguém, respeita as diferenças, não alimenta a agressão, fomenta a unidade e não provoca a discórdia.

O dom que Jesus faz de si mesmo é a manifestação do poder de Deus, da sua vontade salvífica: a manifestação da história como caminho de salvação.

Sem Cristo não podemos ir ao encontro do irmão porque nossos preconceitos e egoísmo podem obstruir o caminho. O amor cristão não pode ser mercenário, nem condicionado pelo intercâmbio. A base do ser cristão é a gratuidade. O amor cristão não pode ser reduzido a uma compaixão sentimental e estéril. O amor ou é ativo ou não é cristão.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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