O Presente
Dom João Carlos Seneme

Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos

calendar_month 28 de dezembro de 2024
3 min de leitura

No primeiro domingo depois do Natal, a Igreja celebra a Festa da Sagrada Família. As leituras escolhidas para esta festa que prolonga a alegria do Natal nos ajudam a compreender qual tipo de santidade marcou a experiência da família de Nazaré. No Evangelho, descobrimos que à Sagrada Família não são poupadas aquelas experiências amargas e dramáticas que atravessam, como acontece com todas as famílias.

No Evangelho (Lc 2,41-52), o filho de José e Maria aparece livre para seguir um caminho diferente daquele que seus pais seguem. Jesus é colocado no Templo, casa do “seu Pai”, para iniciar o projeto salvador da humanidade. Naquele momento ele se revela não somente como filho de Maria e José, mas também como filho do Pai, que escuta, interroga, maravilhando todos os presentes por sua inteligência e suas respostas.

Segundo o Evangelho, a Sagrada Família aparece como uma comunidade de vida aberta ao mistério e ao plano de Deus, onde cada um sabe ouvir o outro e fazer as perguntas necessárias para que nenhuma divisão impeça o crescimento de cada um em plena liberdade. Diante do filho finalmente encontrado, Maria não o repreende e não fica em silêncio, mas o interroga: “Filho, por que nos fizeste isso? Eis que teu pai e eu, angustiados, te procurávamos” (Lc 2,48).

Muitas tensões e dores que vivenciamos dentro de nossas casas nascem da incapacidade de comunicar ao outro os sentimentos e as perguntas que carregamos no coração. Maria e José, ao contrário, mostram-se capazes de guardar um coração que não “repreende nada” (1Jo 3,21), mas sabe se comunicar com confiança, deixando o outro livre para continuar percorrendo seu próprio caminho: “Não sabíeis que eu devo cuidar das coisas de meu Pai?” (Lc 2,49).

As duas primeiras leituras de forma concordante, todo filho vem de Deus e a ele pertence (primeira leitura), e todo filho de Deus não pode ser outra coisa senão acolhido como uma misteriosa realidade em constante transformação (segunda leitura). Uma família santa, portanto, é um núcleo humano onde nunca se esquece da fundamental pertença a Deus que cada um é chamado a descobrir e viver.

Maria e José compartilham os sentimentos de medo e angústia que todo pai e mãe conhece, mas permanecem obedientes a Deus, lembrando-se de que o filho que receberam pertence a Deus. Por isso, conseguem permanecer unidos diante de Jesus e autênticos em relação a ele: “Jesus partiu com eles e voltou a Nazaré, e estava-lhes submisso… E crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,51-52).

O Cristo menino é obediente aos seus pais que, por sua vez, permanecem obedientes à vontade de Deus. Assim cresce a vida e o amor em uma família humana, por meio de um amor cuidadoso que nunca se torna obsessivo, porque está enraizado numa esperança sólida e viva.

Neste domingo (29) acontece a abertura do Ano Santo de 2025, “Peregrinos da Esperança” em todas as dioceses do mundo inteiro. Convido todos a participar conosco da abertura do Ano em nossa Diocese. Às 18h30 nos encontraremos diante do Colégio Incomar, na cidade de Toledo e, em seguida, caminhamos na direção da Catedral Cristo Rei onde será realizada a celebração da missa às 19h. Feliz Ano Novo!

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 
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