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Dom João Carlos Seneme

Quem pede recebe; quem procura encontra: a quem bate, se abrirá

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Vivemos hoje cercados por meios que estimulam a imagem, as conversas rápidas que não valorizam o silêncio e muito menos a oração. O evangelho deste domingo (24) apresenta a oração como criadora de eventos (Lc 11, 1-13); aquele que reza, o orante, é aquele que eleva o seu pedido a Deus em favor dos irmãos, é aquele que se faz solidário, toma para si as tragédias do outro e reza a Deus, sabendo que ele é Pai e se compromete com a dor quem sofre. Ele ouve os clamores dos oprimidos (Êxodo), a dor das viúvas e dos órfãos e o lamento do que estão na prisão. Jesus ensina seus discípulos as se dirigir a Deus com insistência, confiando que a oração muda o mundo e a história.

Os discípulos pedem a Jesus que lhes ensine uma oração que os identifique como seus seguidores. A novidade é chamar Deus de Pai, colocando o relacionamento Pai e filhos como chave que orienta todos os outros pedidos: assumir o plano divino, a relação com a humanidade e a transformação do mundo.

O Pai Nosso torna-se a oração dos discípulos e discípulas de Jesus: todos os dias precisamos do alimento necessário para nossa existência, todos os dias precisamos do perdão de Deus e dos nossos irmãos.

O texto apresenta ainda a parábola do amigo inoportuno que sublima a confiança na oração: se um homem comum escuta o pedido do amigo em uma hora inoportuna e incômoda, tanto mais Deus, para quem nenhuma hora é inoportuna, atenderá ao pedido de quem reza com confiança. Aqui se revela a importância da constância na oração: “pedi e vos darão, buscai e encontrareis, batei e vos abrirão”.

Jesus apresenta esta grande novidade de chamar Deus de “papai querido”, rompendo a distância que a religião colocava entre os Deus e os fiéis e ensina que o Pai é amoroso, atento às necessidades de seus filhos e que podemos estar perto dele a qualquer momento. Para isso necessitamos de abrir espaço para Deus entrar em nossa vida.

A oração dá equilíbrio e firmeza, proporciona força que liberta das frustrações da vida. A relação com o Pai nos transforma: aprendemos a assumir as responsabilidades de nossa vida e a vida de Deus no mundo. Na oração aprendemos a assumir nossa fragilidade como criaturas, precisamos da providência de Deus. Aquele que reza não é orgulhoso, nem mesmo reivindica seus direitos de justiça, não procura negociar com Deus. Na oração o ser humano se coloca disponível a Deus e assume o compromisso com a comunhão fraterna, que se exprime na partilha dos bens, no perdão e compreensão dos próprios pecados e dos outros e acredita na vitória do bem. Ao aprendermos a dizer Pai (Abba), aprendemos também a dizer irmão-irmã.

Neste domingo, a Igreja celebra o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que tem como tema “Dão fruto mesmo na velhice” (Sl 92, 15). A data é celebrada no dia 24 de julho, em todo o mundo – próximo à celebração dos dias de São Joaquim e Sant’Ana, avós de Jesus Cristo.

Em sua mensagem, o Santo Padre se dirige aos idosos para lembrar que quem está em uma idade avançada tem uma importante missão: ser “artífices da revolução da ternura” e de “libertarmos o mundo da sombra da solidão e do demónio da guerra”. O Papa convida, além disso, a redescobrir essa fase como “dom de uma vida longa”.

Por Dom João Carlos Seneme. Ele é bispo da Diocese de Toledo

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