A última vez que honrosamente ocupei este espaço com um artigo foi no dia 15 de novembro de 2024, quando estava a bordo de um A380, o maior avião de passageiros do mundo, uma verdadeira fortaleza voadora capaz de transportar 640 pessoas a bordo. Estava a caminho para uma visita a três países do continente asiático: a Tailândia, o Vietnã e o Camboja.
Foi uma viagem memorável e cheia de símbolos. Memorável porque nós, ocidentais, pouco conhecemos destes países, especialmente o Vietnã, cuja lembrança comum da maioria é a guerra, que curiosamente acabou fazem exatos 50 anos.
O quanto estes países se desenvolveram e conquistaram riquezas e qualidade de vida é algo que demonstra a capacidade e a bravura destas nações. Em extensão territorial estão entre os pequenos países do mundo, mas em matéria de tecnologia e produção agrícola são respeitados e conquistaram seu espaço no comércio mundial.
A Tailândia, maior produtor de arroz do mundo, e o Vietnã, maior produtor de tilápia do mundo, possuem uma vasta lista de produtos que exportam para o mundo. Foi um aprendizado notável conhecer suas tradições; possuem milhares de anos de história, o que significa muitas tradições e costumes que passaram por muitas gerações até chegar ao século XXI.
Particularmente, no Vietnã havia uma curiosidade sobre como é vista hoje, 50 anos depois do seu término, a sempre lembrada guerra do Vietnã. Dirigindo esta pergunta ao nosso guia que nos acompanhou durante todo o passeio pelo país, este respondeu que hoje eles querem paz com o mundo e estão muito interessados em relações comerciais com o maior número de países, inclusive citou o Brasil como referência, ao dizer que “nós somos como o Brasil, não queremos guerra com ninguém, nos mantemos neutros e comercializamos com todos os países que compram nossos produtos ou aqueles que possuem algo para nos vender.”
Num outro momento, ele afirmou que os vietnamitas são muitos semelhantes ao bambu, ou seja, são muito duros, sabem lutar e se defender muito bem, mas também são muito flexíveis no sentido de fazer a política da boa vizinhança.
Sabendo que o regime de governo no Vietnã é comunista, e pela forma como se vê o comunismo no Brasil, lhe perguntei sobre o controle do governo na vida dos cidadãos. Também foi muito direto ao ponto, dizendo que o comunismo vietnamita é um comunismo muito aberto, não interfere muito na vida das pessoas, deixando liberdade para quem quiser sair do país, tanto se a saída for definitiva ou temporária. Disse que se quiser ir para outro país trabalhar temporariamente, pode fazê-lo sem necessidade de autorização das autoridades, e quando quiser voltar, basta pegar um voo e desembarcar no país e tocar a vida do jeito que der.
Foi o único país do mundo que eu conheci, onde o número de motocicletas é maior do que o número de carros no país. Com uma área um pouco maior que 1,5 vezes à área do Estado do Paraná, o Vietnã possui uma população de 100 milhões de habitantes, enquanto nós, paranaenses, somos 12 milhões de pessoas, o que explica a vantagem da motocicleta sobre o automóvel naquele país.
Depois de retornar daquela viagem, inúmeras outras atividades foram o motivo de ter estado temporariamente ausente , mas este é um lugar que eu amo, motivo pelo qual cá estamos novamente, para que, na medida do possível, continuemos em contato com você, caro leitor, razão de ser dos meios de informação.
Por Elio Migliorança. Ele é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa
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