O Presente
Elio Migliorança

Diferentes governos, mesmo método

calendar_month 14 de junho de 2024
3 min de leitura

As aspirações do povo em relação ao governo são simples e práticas. Pagamos impostos, e não são poucos, e queremos que nos seja garantido o essencial, ou seja, educação, segurança, saúde e infraestrutura básica para podermos ir e vir.

É o que todos prometem durante a campanha e depois… bem, depois é outra história.

No Paraná, o momento é de profunda revolta dos profissionais da área da educação por conta do projeto de privatização da gestão das escolas estaduais. Privatizar a gestão de uma área tão sensível é o atestado de incompetência que o governo passa de si mesmo. Não tem capacidade e competência para bem administrar uma área tão sensível e estratégica como a educação. Se o problema está na legislação que não permite ao Governo do Estado ser eficiente, que se mude a lei, totalmente viável, já que o governador tem maioria absoluta na Assembleia Legislativa.

Tanto isso é verdade que as melhores universidades no Brasil são as universidades públicas. Logo, o problema não está no fato de ser pública, mas de ser bem administrada.

Mas temos outras diatribes na esfera federal. O governo anterior aliviou o bolso do contribuinte brasileiro extinguindo o DPVAT, um seguro obrigatório a ser pago por todos os proprietários de veículos automotores. Na teoria, o seguro serviria para indenizar as vítimas dos acidentes de trânsito, sejam eles motoristas ou pedestres. Na teoria, porque para receber tal seguro é um calvário, tão burocrático que a maioria dos beneficiados desiste no meio do caminho. Na prática, ele serve para engordar o caixa do governo e com este dinheiro fazer o que bem entender.

E isto ficou muito claro quando foi aprovado pelo Congresso Nacional o retorno desta cobrança. Numa entrevista de um dos mais entusiastas defensores da volta da cobrança, este afirmou que isso “engordará” o caixa do governo com mais R$ 14 bilhões de arrecadação.

Mas não é apenas com o DPVAT que devemos nos preocupar. Recentemente, esteve no centro dos debates governamentais a renovação do Tratado de Itaipu, uma questão bem complexa, porém de alcance social quase infinito, já que toda a nossa vida é movida à energia elétrica. Tudo está conectado a uma tomada. E agora, quase 50 anos depois, em que a dívida da construção da usina já foi paga, seria muito justo que pagássemos menos pela energia, mas é exatamente o contrário. Segundo estudo recentemente divulgado, Itaipu tem a energia mais cara das grandes hidrelétricas. E o que temos visto é o lucro de Itaipu sendo aplicado em pontes, asfaltos, obras de infraestrutura que não têm nada a ver com a usina e sua energia. Um desvio de função absurdo, já que energia a um preço mais acessível beneficiaria a todos indistintamente, uma questão de justiça social.

Era o que estava prometido na época da construção, especialmente para a nossa região, que sofreu o maior impacto com a destruição das Sete Quedas e com a inundação das terras. O que pouco se fala e talvez tenha sido a consequência mais desastrosa foi a mudança climática no Oeste do Paraná, pois o que um espelho d’agua com 1.200 km² não é pouca coisa.

Dito isso, se queres saber a qualidade dos políticos que elegemos, basta anotar o que eles prometeram na sua campanha e depois… confrontá-los com eles mesmos.

Por Elio Migliorança. Ele é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

@eliomiglioranza

 
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