O Presente
Elio Migliorança

O dia sem sol na fortaleza voadora

calendar_month 15 de novembro de 2024
3 min de leitura

O dia 11 de novembro de 2024 foi marcado por uma experiência original e que motivou uma longa e oportuna reflexão. Foi o dia em que o sol não brilhou para as 654 pessoas que estavam como que dentro de uma caverna onde o sol não foi visto.

Embarcados em São Paulo, num avião Airbus A380, que levantou voo à 1:30 hora da madrugada, e voou sem escalas por 14 horas, as quais, somadas a mais sete horas de fuso horário, significaram um período ininterrupto de 21 horas, tendo pousado em Dubai na noite do dia seguinte.

Esta fortaleza voadora estava a uma altura de 11.880 metros, no qual estavam as 654 pessoas a bordo, fazendo deste avião o maior do mundo no transporte de passageiros. Só tivemos luz artificial dentro da aeronave, não sendo permitido abrir as venezianas das janelas e, portanto, sem termos contato com a luz solar.

Foi uma experiência interessante, pela correlação dos fatos daquelas horas no ar com o aquecimento global. Todos sabemos que o aquecimento global é fato, embora muitos se esforcem para provar o contrário, e também sabemos que as consequências são imprevisíveis. Dentro daquele avião, sem contato com o exterior e como narrado aqui, sem ver a luz do sol, o clima era semelhante ao vivido pela humanidade.

Ninguém sabe o que vem pela frente, a exemplo de alguns fatos ocorridos recentemente, com aviões grandes, quando houve feridos por conta das turbulências encontradas pelo caminho; dentro daquele avião todos obedeciam rápida e por inteiro as ordens dadas pelo comandante. Se a ordem era sentar, todos sentavam, se era apertar cintos, todos apertavam, e se a ordem era voltar a poltrona na posição normal, todos o faziam rapidamente. Isto porque as consequências são imprevisíveis, no caso de uma turbulência.

Se com a questão climática, que é em tudo semelhante, ou seja, as consequências são múltiplas e também imprevisíveis, todos cumprissem com rapidez e eficiência as determinações legais, poderíamos, com certeza, salvar o que ainda nos resta de equilíbrio no planeta terra. Mas, ao contrário do que fazem os passageiros de um voo, cada um dos habitantes sempre vai achar que a sua ação é inofensiva, e é por isso que continuam a desmatar a floresta, continuam a destruir a natureza com incêndios, continuam a poluir o meio ambiente com os gases de efeito estufa, e até a contaminação das águas com produtos químicos e tóxicos proibidos por lei.

No avião cada um sabe que a consequência pode atingi-lo em cheio, pois, em caso de turbulência e sem o cinto de segurança afivelado, pode jogá-lo para o teto e quebrar-lhe uma costela ou até o pescoço. E há da parte dos demais uma parceria na fiscalização das inconsequências dos outros, porque um celular ligado que interfira nos instrumentos de voo pode provocar um acidente e acabar com a vida de todos. No caso das agressões ao meio ambiente, as consequências são um processo de longo prazo e infelizmente não atingem diretamente só o infrator, mas a coletividade toda.

Às vezes, por não ver a luz do sol por um dia, a mente pode ser iluminada para que se veja o que muitos não querem ver.

Por Elio Migliorança. Ele é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

@eliomiglioranza

 
Compartilhe esta notícia:

Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.
Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.