Estas duas palavrinhas provocam calafrios e podem causar uma reação raivosa em muitos ouvintes. Pois bem, prepare seu espírito pois nos próximos anos, e para alguns, para o resto da vida, elas farão parte do cotidiano dos habitantes do Oeste do Paraná.
Está prestes a ser implantada a mais injusta e nefasta praça de pedágio entre Toledo e Cascavel. Isso mesmo. O que temíamos, está consolidado. Será um verdadeiro “pedágio urbano” se considerarmos a pequena distância e a condição da rodovia, que praticamente uniu Toledo e Cascavel num único espaço urbano.
Muitos moradores de Toledo trabalham em Cascavel e vice-versa. Na área educacional não é diferente. Universitários estão indo e voltando dia e noite. E os produtos ligados ao agronegócio são números com muitos dígitos, tanto nas cargas de produtos prontos para consumo quanto dos insumos necessários para rodar o sistema produtivo, seja no setor de grãos ou de proteína animal, passam nesta rodovia.
Nos últimos anos, houve uma mobilização gigantesca de todas as lideranças do agronegócio, mas os clamores foram em vão. A bancada do agronegócio, que se vangloria do número de congressistas que possui, ou foi muito incompetente por não conseguir impedir essa barbaridade, ou então vendeu a alma pro diabo e permitiu que esta injusta cobrança se perpetuasse. Sim, porque daqui a 30 anos, boa parte da nossa geração terá partido e até lá novas tramoias serão criadas para a perenização da sacanagem.
Isso vai impactar tanto produtores quanto os consumidores, pois o valor do pedágio será embutido no preço dos produtos de consumo e os produtores rurais e industriais pagarão pedágio quando seus produtos forem transportados para o mercado consumidor.
Certamente haverá agora um jogo de empurra e empurra, cada lado político tentando jogar a culpa no adversário. Neste caso não há inocentes. O projeto deste pedágio foi aprovado e assinado no governo Bolsonaro e será implantado no governo Lula. Nenhum dos dois deu a mínima para a região e para a força produtiva do agronegócio ou para o povo que fez desta uma das regiões mais produtivas do mundo. Ambos são farinha do mesmo saco. E o atual governador parece nem existir, não se ouviu sua voz lutando pela região.
Nunca simpatizei com o ex-governador Roberto Requião, mas diante dos fatos devo fazer uma respeitosa reverência e parabenizá-lo, pois foi o único que prometeu, peitou a obra, duplicou a rodovia federal com recursos do Estado e a entregou sem a cobrança de pedágio. Agora, os aproveitadores de obras feitas vão arrecadar bilhões sugando o suor e sangue do povo do Oeste do Paraná e de todos aqueles que utilizam esta passagem como corredor de exportação ou dos produtos que saem do Sul do Brasil com destino às regiões do centro Oeste e Norte do Brasil.
Pedágio seria o mais justo tributo, se todos os outros impostos que pagamos para tal fossem então extintos. Já pagamos a manutenção das rodovias nos impostos sobre veículos, combustíveis e no licenciamento do veículo que é renovado a cada ano. Estes impostos vão continuar e agora teremos mais este espetado nas nossas costas, que será pago até por quem não possui carro. Sim, porque no produto do mercado e em tudo o que consumimos e produzimos, lá estará ele embutido. Só não pagaremos pedágio “ainda” sobre a alface que você colhe na própria horta e leva pra cozinha. Mas não duvidemos da criatividade governamental, com o advento da Inteligência Artificial, tudo é possível.
Por Elio Migliorança. Ele é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa
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