Você já tentou responder essa pergunta? Qual a relação entre autossabotagem e autoestima? Primeiro, o que é autossabotagem?
De novo, palavrinha tão na moda, que logo surge como justificativa e autocrítica e muito mal compreendida. Quando usamos este conceito, estamos nos dizendo, e aos outros, que o que fazemos é ruim para nós, uma vez que sabotar é fazer propositadamente algo ruim, com a intenção de prejudicar. Logo, autossabotar é fazer algo conscientemente para me prejudicar. Qual é o sentido disso?
Eu vejo que, assim como as emoções são malvistas e mal interpretadas, a autossabotagem é colocada num lugar de me prejudicar deliberadamente. Eu não acredito nisso, não faz sentido, já que na evolução das espécies, o ser humano seria o único animal a querer prejudicar a si mesmo. De outro modo, se olharmos para a autossabotagem como uma ação que tem um propósito de nos proteger, quais os benefícios que ela está nos dando?
De qual medo ela está me protegendo, o que eu ainda não entendi e percebi em mim? Se ao invés de me criticar, me chamando de autossabotadora, eu perguntasse por que ela está aí?
E SE A RESPOSTA QUE EU QUERO NÃO FOR A RESPOSTA QUE EU PRECISO?
Não aprendemos a fazer perguntas. As perguntas que nos assustam ou que eu nem sei que tenho como dúvida? Sabe aquela coisa do “por que eu quero o que eu quero?” “É desejo ou necessidade? Minha ou de quem?” “Onde eu estou querendo caber?” “Quem não está me respeitando?” “Respeitando meus limites”. Sabe, como seres humanos, sempre tomamos a melhor decisão possível, disponível no momento presente. Se você olhar para isso, pode entender que a pergunta está errada.
E o que isso tem a ver com autoestima? Com a baixa autoestima? Na psicologia, nós temos dois conceitos para essa situação: lutar ou fugir. São duas estratégias de enfrentamento dos nossos problemas. Numa, agimos para resolver o problema, enquanto na outra fugimos, jogando para debaixo do tapete o que incomoda. Porque nesse momento não temos ferramentas para agir. Tem o envolvimento de características de personalidade também, não podemos esquecer.
Quando você não resolve o problema porque tem o medo envolvido, você não sabe como resolver. É nessa hora que dizemos que estamos nos autossabotando. Você não percebe que não está resolvendo porque não sabe, não tem recursos, não está pronta para lidar com o problema e perder o benefício que ele proporciona. É aqui que meus pacientes arregalam os olhos e me dizem: que benefícios? Só estou perdendo? E nessa hora vai comer, beber, rolar feed do Instagram, assistir série da Netflix ou pornografia, passear no shopping, fazer compras. Está fugindo do problema e arrumando outros, como sobrepeso, dívidas, entre tantos. Desde que nascemos, somos expostos às expectativas dos outros sobre nós. E que traz junto a comparação. Ser comparada e se comparar também paralisa.
E aí, se não for perfeito da primeira vez, então nem faço. Repito coisas que ouvi na infância, como “deixa que eu faço, porque você não sabe”; “Nossa, como você é lento”!; “sua prima, sim, é inteligente (ou magra ou bonita)! E essas crenças, junto com nossas características de personalidade, vão moldando a maneira como vamos agir no mundo.
Por isso, parar o julgamento e exercitar o autoconhecimento é tão essencial. Não entrei na autoestima de propósito. Vamos conversar sobre ela, suas diversas faces e como fortalecê-la nos próximos artigos. Fica comigo. E se ainda não me segue no Instagram, @psicofatimabaroni.
Até a próxima.
Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755