O título deste artigo é um dos temas mais recorrentes em nossa vida. E para começar, vou buscar apoio na Terapia do Esquema, desenvolvida pelo psicoterapeuta norte-americano Jeffrey Young, que defende que todos os seres humanos precisam que algumas necessidades emocionais básicas sejam supridas por meio de vínculos saudáveis para que tenham saúde psíquica.
A base para essas demandas é construída na infância, sendo os pais ou cuidadores os principais provedores. E mais tarde, no relacionamento com outros indivíduos. Importante destacar que as necessidades emocionais básicas têm demandas diferentes em cada pessoa de acordo com seu temperamento e ambiente familiar.
A NECESSIDADE HUMANA DE SER AMADO
Esta necessidade é crucial para todas as pessoas. Para ser amada, é preciso constituir vínculos. E o campo de vínculo tem a ver com a junção de duas necessidades básicas: de ser amada e de cuidar. E para isso, você precisa poder falhar. Sem uma coisa não existe a outra. Isto é, sem a possibilidade de falhar, da vulnerabilidade e de abertura, não conseguimos ser amada. E esse é o primeiro problema. Porque a gente tem medo de falhar, tem medo de se mostrar. E sim, são muitas as vezes que a gente se abriu, deu errado e sofremos. E querendo parecer mais forte, a gente não consegue ser cuidada.
COMO RESOLVER ESSA EQUAÇÃO?
Para compreender como isso funciona, é preciso compreender a nossa inadequação. O que é isso? É perceber a explicação que você construiu para não ser amada lá na infância. Sim, voltamos a falar da nossa infância, a raiz que sustenta o “quem eu sou” de cada um de nós. Vamos pensar algumas hipóteses que podemos ter criado para explicar por que não éramos amadas de forma incondicional no início da nossa vida, mas antes é importante ressaltar que nenhuma criança parou deliberadamente e pensou essa resposta.
É importante lembrar que a criança não pensa no sentido literal da palavra, ou seja, ela não faz análise racional da situação. Ao nascer, o bebê reage ao desconforto, chora e alguém atende a sua necessidade. Depois de algum tempo, aos dois ou três anos, começam a existir algumas condições para esse amor e “surgem” algumas explicações. Exemplos: “não sou amada porque sou muito tímida”; “não sou amada porque sou magra ou gorda”; “não sou amada porque falo bobagens”; “não sou amada porque sou lerda”…
Enfim, as explicações para a inadequação sentida é a fantasia que a criança cria para explicar o fim do amor incondicional. E essa explicação é o que se chama de “ideal do ego”, isto é, quem eu deveria ser para ser amada. A solução para essa inadequação sentida é assim: “se eu fosse “assim”, eu seria amada”!
Compreender essa questão é muito importante, já que ela nos leva à repetição, que é insatisfatória, que tem a ver com não falhar. A gente aprende de acordo com nosso ambiente original, que se formos a mais inteligente, a mais querida, a mais… eu serei amada, mas isso não resolve, porque a pessoa vive numa pressão de ser aquela coisa. E o problema é que quando dá certo, a pessoa pensa, “só sou amada porque sou …”, se não for, não serei mais amada. E nós queremos ser amadas de qualquer jeito, sem imposições.
O DESAFIO DE SER MULHER
Há muito tempo a mulher está presa a padrões que não são dela, isto é, não existem para atender às necessidades do feminino. Ao contrário, fazem parte do processo de domesticação da mulher, a fixação na imagem corporal, a perfeição do ideal, do belo magro, as agressões que a mulher por conta própria infringe ao seu corpo para alcançar esse padrão e ser amada. Ao mesmo tempo, a necessidade da performance que cobra alto desempenho profissional, estar disponível para ajudar e compreender todos.
Ser a mãe boa demais, a esposa gentil e compreensiva, que perdoa e acolhe o marido. Encaixar-se no estereótipo de ser mulher é ter instinto materno e disposição e jeito para cuidar dos outros. Apesar de sermos conectadas com as nossas emoções, aprendemos que não podemos expressar a maioria delas. Não fica bem uma mulher que sente e expressa raiva. O fato é que enquanto estamos distraídas com essas armadilhas que a sociedade nos impõe, vamos nos afastando e perdendo a conexão conosco. Quanto mais domesticada a mulher se torna, mais distante de suas necessidades e essência está. Vamos continuar conectadas na próxima semana? E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdo como esse.
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755