O Presente
Fátima Baroni Tonezer

Caminhos possíveis para evitar o adoecimento!

calendar_month 16 de dezembro de 2024
4 min de leitura

Como conversamos no artigo da semana passada (clique aqui e relembre), a exigência social implica que a mulher seja a primeira a perceber e cuidar das necessidades de todos ao seu redor, antes mesmo de olhar para as suas. Esse padrão, geralmente invisível, está enraizado nas expectativas de gênero e reforça a ideia de que “ser boa o suficiente” significa colocar os outros sempre em primeiro lugar. Cuidar para ser respeitada e amada.

Reconhecer e entender essa carga mental invisível é o primeiro passo para lidar com o esgotamento emocional. Abrir espaço para conversas sobre essa realidade ajuda a desmistificar a ideia de que uma mulher deve sempre suportar tudo sozinha. Além disso, saber que é válido e necessário colocar limites e priorizar momentos de autocuidado é fundamental para a preservação da saúde física e mental.

Buscar esse apoio, seja no ambiente familiar, entre amigos ou até mesmo na terapia, pode ser transformador. Afinal, a mulher não precisa carregar o peso do mundo em suas costas – é essencial que ela aprenda a dividir responsabilidades e a respeitar suas próprias necessidades, promovendo uma relação de maior equilíbrio e bem-estar consigo mesma e com as pessoas no seu entorno.

O IMPACTO DA CARGA MENTAL INVISIVEL NA SAÚDE EMOCIONAL

O peso dessa carga tem impacto na saúde emocional, física e psicológica de uma mulher. Essa carga invisível é um dos principais fatores que afetam as mulheres em suas relações pessoais e profissionais, impactando diretamente sua saúde emocional. Nas relações familiares, por exemplo, espera-se muitas vezes que a mulher organize e acompanhe a rotina diária: comprar as coisas necessárias para a casa, lembrar aniversários, pensar no cardápio semanal e até mesmo prever soluções para problemas que possam surgir no futuro. Isso exige um nível constante de alerta e planejamento, tornando-se uma tarefa exaustiva que consome a energia mental e emocional da mulher.

Essa carga mental acaba influenciando o modo como ela percebe seu papel na sociedade. Muitas mulheres sentem que se não mantiverem o controle de tudo, as coisas podem “sair dos trilhos”, perdendo o controle das situações que envolvem todos ao redor. Essa importância reforça a ideia de que a responsabilidade final está sempre em suas mãos, levando-as a um estado de vigilância permanente e uma sensação constante de que precisa “dar conta de tudo”. Essa percepção, além de estressante, também contribui para uma autocrítica elevada, perpetuando o ciclo de autoexigência e desgaste emocional.

E essa percepção e atitudes geram consequências psicológicas. Uma dessas consequências pode ser o sentimento de isolamento e incompreensão. Por ser uma sobrecarga, muitas vezes invisível, poucas pessoas ao redor têm consciência do que uma mulher enfrenta internamente. Essa característica, conhecida como “sobreposição de funções mentais”, faz com que a mulher carregue um peso psicológico sem a contrapartida de apoio emocional ou reconhecimento externo. As consequências desse isolamento incluem sintomas de ansiedade, esgotamento e até mesmo sentimento de desvalorização e solidão. Muitas mulheres, ao tentarem compartilhar essa experiência, são confrontadas com respostas que minimizam seu sofrimento – como se, pelo fato de as tarefas não serem fisicamente pesadas, já que não são braçais, sejam menos significativas.

ESTRATÉGIAS PARA GERENCIAR A CARGA MENTAL INVISÍVEL

Para lidar com esse desgaste provocado por esta carga, precisamos desenvolver estratégias práticas. Algumas possibilidades incluem: delegação de responsabilidades, isto é, aprender a dividir tarefas e envolver outras pessoas nos processos do dia a dia. Para isto ocorrer de forma saudável, é importante aprender comunicar as próprias necessidades de maneira clara e assertiva, ajudando a todos a entender que o planejamento também faz parte da rotina familiar.

Outro passo fundamental para gerenciar essa exaustão mental inclui estabelecer limites e priorizar o próprio bem-estar. Estamos falando da dificuldade em dizer “não”. Aprender a dizer “não” e suportar esse não, isto é, suas consequências. Por termos dificuldade em colocar limites, geralmente acabamos aceitando compromissos e responsabilidades que não desejamos, ou que são prejudiciais, porque sentimos que precisamos agradar os outros ou temos medo de desapontá-los.

E essas dificuldades em colocar limites, geralmente estão ligados a crenças, que leva a pessoa a busca constante por aprovação. Por depender excessivamente da validação externa, acaba moldando suas ações e decisões para agradar aos outros, em vez de se alinhar com seus próprios valores e necessidades. Estas estratégias podem gerar desconforto inicial, pois não fomos treinadas a pensar em nós e nossas necessidades. Na próxima semana vamos continuar buscando estratégias para desenvolver nosso amor-próprio. Siga @psicofatimabaroni para mais conteúdo como esse.

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

 
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