Como prometi no último artigo, vamos trazer dicas práticas de como exercitar a CNV e elevar nossa comunicação com os outros.
Relembrando os quatro pilares usados por Rosenberg: observe o que está acontecendo, sem julgamentos; tente identificar e compreender o sentimento que se abateu sobre você; identifique a necessidade que existe sob aquele sentimento; e expresse seu pedido de forma clara. Como posso aplicá-los em minha comunicação.
Para tornar as dicas de estratégias mais fáceis e palpáveis, escolhi um exemplo de um diálogo entre mãe e filho pequeno: “filho, quando você deixa os brinquedos espalhados pela casa (observação), eu fico muito zangada (sentimento). Entenda que os cômodos precisam estar organizados para que a gente possa caminhar (necessidade). Preciso que você guarde seus brinquedos, assim ajuda a mamãe e evita acidentes (pedido)”.
ESTRATÉGIAS PRÁTICAS PARA EXERCITAR A CNV
Após conhecer os pilares da CNV e um exemplo prático para usá-la em situações cotidianas, é fundamental saber como praticar essa técnica. E quando o assunto é CNV, fala-se em “prática” porque a comunicação empática precisa ser exercitada diariamente em qualquer tipo de relação.
Selecionei dez passos para exercitar a CNV e facilitar a prática. Aplique cada um deles gradualmente e perceba mudanças em sua forma de se relacionar com o mundo:
1. Busque se comunicar com todos sem prejulgamentos ou definições sobre “certo” ou “errado”, isto é, sem juízo de valor, somente observando.
2. Não meça as atitudes do outro pela “sua régua”. Lembre-se, pessoas diferentes têm expêriencias de vida diferentes e, portanto, agem diferente.
3. Procure nunca se comparar, nem comparar as pessoas com as quais você convive com outros indivíduos. A comparação arruína qualquer relacionamento e prejudica a autoestima e desenvolvimento pessoal.
4. Elimine qualquer tom acusatório da sua fala. Isso provoca reações defensivas e inviabiliza a comunicação. Não entre no “modo autoritário”, ou seja, dono da verdade. Lembre-se de que existem diversas maneiras de atingir o mesmo resultado.
Isto nos leva ao item 5: Explique suas necessidades com calma e clareza. Ao ter clareza das suas próprias necessidades, verbalize ao outro. Aqui entra o autoconhecimento.
6. Questione-se sobre possíveis rótulos colocados em você e nas pessoas ao seu redor, isto é, perceba e avalie crenças, próprias e dos outros.
7. Se enfrentar um conflito ou precisar mediar uma situação divergente, procure pontos em comum entre você e as outras pessoas. A solução pode vir das afinidades.
Por isso, 8. Coloque-se no lugar do outro, sempre que possível. Ao procurar entender os motivos do outro (baseado na história de vida dele) podemos perceber suas necessidades e dificuldades.
9. Manifeste seus pontos vulneráveis quando se sentir confortável para tal. Isso vai lhe aproximar das outras pessoas. Afinal, todos temos suscetibilidades.
E finalmente, 10. Pondere com calma e exercite a empatia sempre, principalmente antes de responder a uma ofensa ou ataque. Não responda no mesmo tom.
A grande dificuldade de praticar a CNV baseia-se na necessidade de autoconhecimento, perceber e aceitar as próprias sombras e defeitos e aprender a lidar com elas em nós mesmas. Sem esse mergulho profundo em si, que já abordei em vários artigos, fica muito difícil sair da defensiva e olhar para o outro sem julgamentos ou juízos de valor, sem achar que tudo sempre é para atacar você.
Novamente reforço que, sim, há no mundo pessoas maldosas e ruins, não necessariamente narcisistas ou psicopatas, cujo transtornos correspondem entre 3% e 6% da população mundial. E que essas pessoas agem em benefício próprio não importando quem ferem ou machucam. Mas que como a própria estatísticas mostra, é um percentual pequeno da população mundial. E que precisamos nos afastar deles, já que estas pessoas não veem a necessidade de mudar, pois não estão “erradas” na visão delas. Já a maioria das pessoas estão tentando sobreviver e, para isso, se defendem ou repetem padrões aprendidos na infância. Daí a necessidade de autoconhecimento.
Na próxima semana vamos conversar sobre uma emoção muito poderosa! E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoestima e amor-próprio.
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755