O Presente
Fátima Baroni Tonezer

Mulher silenciada

calendar_month 5 de agosto de 2024
3 min de leitura

Você já ouviu a música “Rosa de Hiroshima”, escrita por Vinicius de Morais em 1946, publicada pela primeira vez em 1954 na obra Antologia Poética, e musicada por Gerson Conrad, na voz do brilhante cantor Ney Matogrosso?

A música é um apelo, um lamento pela perda da inocência e um protesto contra a guerra, feita por Vinicius como forma de protestar contra os horrores da guerra. Essa música “caiu” na minha “timeline” quando o apresentador Serginho Grossmann fez um programa para homenagear o grande Ney Matogrosso.   

E ouvir a música me trouxe algumas reflexões que quis compartilhar aqui.

A ROSA SEM COR, SEM PERFUME

A letra fala dos horrores da guerra, das armas nucleares, e hoje vivemos de novo a tensão das guerras em alguns pontos do planeta. Mas não é dessas guerras e da sandice que elas representam que quero conversar com você.

Quero falar de outra guerra silenciosa, disfarçada, que acontece há tanto tempo que não temos registros. Estou falando das regras, padrões e intervenções humanas perpetuadas pelas mãos de um grupo que se elegeu como melhores, o saber masculino que sistematicamente vem tirando as características essenciais de nós, mulheres, tornando, como diz a letra, “sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada”, a nossa essência feminina. Pois sobre nós, mulheres, recai a pesada tarefa de nos encaixar, de sermos melhores, de sermos disponíveis, de sermos tantas coisas para agradar, para caber, para se encaixar no jogo, mas esse jogo não é nosso. Não respeita nossos contornos.

UM SER SIMBÓLICO

A música é rica em simbolismos e usa a rosa, tradicionalmente associada à beleza e à vida, para retratar as consequências devastadoras das armas nucleares. E não percebemos os efeitos nocivos que recai sobre as mulheres, a “bomba nuclear” que ceifa nossa essência, nossa intuição, nos obrigando a tantas coisas que nos tira a cor, o perfume, a beleza de ser quem somos, o que cada mulher é. Somos repetidamente violentadas, cada vez mais cedo, na nossa psique.

AO NASCER UMA MULHER, NASCE UMA MULHER CULPADA!

Essa frase, de uma psicanalista, reflete o que está acontecendo de fato conosco, mulheres. E está por trás da exaustão, do cansaço emocional. No esforço de ser vista e validada, na tentativa de caber no jogo. O esvaziamento da nossa essência, do nosso poder, da nossa intuição feminina. Cada vez mais cedo as meninas estão sendo convocadas para essa “guerra santa” que quer nos encaixar, fazendo com que crianças ainda tenhamos preocupação com roupas, corpo, cabelo, em agradar ao invés de brincar e descobrir nosso  mundo interno.

Se você não conhece a música ou nunca prestou atenção à sua letra, te convido a fazê-lo. Na próxima semana vamos conversar sobre essa “bomba” chamada padrão. E se ainda não me segue no Instagram, @psicofatimabaroni, vamos conversar lá?

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

 
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