Desenvolver a autoestima através do autoconhecimento é uma abordagem poderosa, pois permite que você se compreenda melhor e valorize quem realmente é.
Como conversamos na semana passada (não leu o artigo do dia 2? Clique aqui), dei um exemplo de comportamento comum em mães: gritar com os filhos porque na infância era o que acontecia em casa, o jeito da mãe lidar com os filhos. E repetir que “quando algo me estressa, perco a consciência, e ajo como minha mãe agia, mesmo não querendo”, é o princípio do conhecimento, mas não muda um comportamento.
O próximo passo é lidar com a situação original, pois reconheci o modelo que recebi, que permanece como ferida, uma crença. E quando não curo minhas feridas, eu sangro em quem não tem nada a ver com isso. Ao acolher e lidar com as minhas feridas, deixo de repetir comportamentos e desejos, pois tenho a opção de colocar outro comportamento ou atitude em seu lugar. Isso é o que significa estar consciente do que tenho consciência. Isto é, agora sei e faço algo com esse conhecimento.
Por isso dizemos que o autoconhecimento é um diálogo constante e contínuo consigo. Não tem magia, é esforço. Todos nós temos um monstro interior, mas temos também um anjo interior. E quando você não reconhece a sua pior parte (a sombra, segundo Jung), você também não conhece a sua melhor, as suas qualidades e recursos. A proporção é a mesma. E negar uma impede o acesso a outra.
Se você conhece as duas, pode escolher com qual delas vai conviver e mostrar para o mundo. É pelo medo que a parte não bela apareça que a gente esconde. O resultado de abrir o baú da sua vida é o que vai mostrar a sua luz. Esse é o resultado do autoconhecimento. É preciso passar pelo limbo, o vale das sombras, para chegar ao fim do túnel e ver a luz que há em você.
Na nossa infância vamos fazendo sinapses e conexões. É assim que a gente vira a gente, por cópia e repetição. A criança fica olhando o tempo todo para os adultos ao seu redor e modelando como ser adulto também. E vai fazendo um mix de comportamentos e atitudes dentro dela. Às vezes, a convivência com um adulto violento, que batia e jogava coisas, nos transforma no adulto violento com palavras, não necessariamente violento com gestos. Cada ser humano é marcado de determinada maneira; não reagimos igual às mesmas situações. Temos que considerar traços de personalidade, temperamento, além do ambiente.
Nós temos acesso entre 3 e 10% de todas as informações da nossa infância. O resto está guardado no inconsciente. E, apesar de sermos reconhecidos por nossas cognições, pelo nosso cérebro racional, quem está no comando são as nossas emoções. Se não acesso, se nego minhas emoções, elas não desaparecem, ao contrário, sou impulsiva, pois quem está dirigindo minha vida é o inconsciente, compulsivo e automático.
Importante ressaltar que hoje sabemos que existe algo chamado neuroplasticidade, isto é, é possível alterar as reações que tenho. Dá trabalho? Com certeza. Exige paciência, determinação e empenho, mas é possível. Por isso o autoconhecimento é tão importante. Na próxima semana vou mostrar como é possível desenvolver nossa autoestima e mudar hábitos. E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdo como esse. Vamos conversar lá?
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755