Terminei o artigo da semana passada (perdeu? clique aqui) elencando uma série de “ocupações” ditas femininas, que nos causam desgastes, esgotamento e reforçam as crenças de que damos conta de tudo e não precisamos de ninguém. E conclui com uma frase: “isto é mentira!”. Agora vou te contar por que isso é mentira.
Faz parte do padrão que foi criado para nos “domesticar”, isto é, nos adaptar a um mundo onde as necessidades femininas são descartáveis e menos importante.
Fato é que ninguém precisa dar conta de tudo sozinha e que o que é do outro, tirando o contexto das crianças na primeira infância, é responsabilidade do outro. Sim. E mesmo que você seja a mãe solo, a responsabilidade da criança não é só sua, você pode ter uma rede de apoio. Que você não é dona da casa sozinha; quando outras pessoas compartilham o espaço, elas também têm responsabilidade de manter o lugar habitável e organizado.
ESGOTAMENTO EMOCIONAL: O VIVER EXAUSTA
O esgotamento emocional das mulheres é um tema complexo e multifacetado, especialmente considerando o impacto das pressões sociais, culturais e profissionais. Vamos pensar alguns dos principais fatores que contribuem para esse esgotamento, que inclui as expectativas sociais, a sobrecarga de responsabilidades e a importância de práticas de autocuidado e de redução de limites.
O esgotamento emocional é uma realidade presente na vida de muitas mulheres, que, em busca de atender a uma infinidade de expectativas (desenhei o panorama no artigo anterior, se veem sobrecarregadas física, mental e emocionalmente. Essa condição é marcada por um estado de cansaço profundo que vai além da exaustão física, provocando desgastes na saúde emocional, atingindo até a identidade. Já que o cenário contemporâneo intensifica o esgotamento feminino com as expectativas que impõe sobre a mulher, fazendo com que esteja sempre agindo com a autoexigência no alto da régua, com a sensação de ser insuficiente, incapaz, não ser boa. Vibrando na culpa, desmerecimento e desvalor.
A MULTITAREFA COMO EXPECTATIVA!
A sociedade moderna não apenas valoriza, como também exige que a mulher seja multitarefa. O ideal da “mulher que dá conta de tudo” é constantemente reforçado, alimentando a ideia de que ser capaz de cumprir vários papéis simultaneamente é sinônimo de sucesso e realização pessoal.
Mãe, profissional, esposa, filha, amiga – cada um desses papéis traz uma carga emocional, e muitas vezes a mulher não encontra espaço para equilibrar essa exigência com o autocuidado. A pressão de ser “perfeita” em todos os aspectos gera uma sensação constante de insuficiência e culpa, o que contribui significativamente para o esgotamento e adoecimento.
A exigência de “cuidar de todos”, junto com a negação das próprias necessidades, faz parte de uma carga invisível e negada na carga feminina. Além das tarefas visíveis e concretas que uma mulher assume no seu dia a dia, existe uma carga mental invisível que costuma ser silenciosamente acumulada. Essa “carga” inclui o planejamento e a antecipação das tarefas de curto e longo prazo, tanto no âmbito profissional quanto pessoal.
A mulher frequentemente se vê responsável por lembrar compromissos, agendar consultas, organizar uma rotina familiar e estar atenta às necessidades dos outros ao seu redor – tudo isso enquanto dá conta de sua agenda profissional, com a imagem exigida de uma mulher bem-sucedida e atraente.
A carga mental invisível vai além de simplesmente realizar tarefas: ela envolve o esforço constante de gerenciamento e planejamento. Diferente do esgotamento físico, essa sobrecarga mental não é vista, mas ocupa um espaço enorme na mente da mulher, que sente que deve estar constantemente “um passo à frente” para que tudo funcione bem. Ao fim do dia, mesmo que suas tarefas estejam concluídas, é comum que ela se sinta mentalmente exaurida pela pressão de ter que prever e organizar todos os aspectos do cotidiano, muitas vezes sem o apoio e reconhecimento dos parceiros e familiares.
Essa exigência de cuidar de todos enquanto nega suas próprias necessidades, na ânsia de se adaptar às expectativas sociais, dentro da perspectiva de que a mulher é naturalmente cuidadora, próprio do “instinto materno”, coloca-a num lugar de responsável emocional pelo que acontece com todos ao seu redor. Essa exigência, e adaptação, nos adoece profundamente.
Como sair dessa exigência? Na próxima semana vou colocar um caminho possível para o equilíbrio. Nos vemos na próxima semana! E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdo como esse. Vamos conversar lá?
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755